Do passado não se faz glória. Corri uma maratona em 2012 e desde aí são mais as inscrições que as provas feitas. O joelho esquerdo deixou de dar tréguas e resignei-me que dificilmente voltaria a correr, sobretudo a distância rainha. Durante a pandemia pegou a moda das virtuais e com ela todo um mundo novo.
Algumas aplicações resolveram lançar desafios de distância, tempo, percursos míticos, algo que o Strava já fazia mas agora com uma motivação extra – um mote para a corrida. Há para todos os gostos: temáticas planetárias, vida animal, turismo, etc. Não poderia resultar melhor, se estamos fechados em casa caminhamos e visitamos ali mesmo um sítio do outro lado do mundo, especialmente se for uma rota icónica como a Grande Muralha da China ou um Trilho dos Incas. Mas melhor do que isso, se queremos uma motivação extra para andar, caminhar, nadar, pedalar ou até praticar outros desportos, esta é uma solução interessante.
O meu cunhado falou-me da aplicação The Conqueror, era uma das que via no scroll pelas redes sociais. Tinha todo o tipo de percursos, a inscrição incluía a medalha e permitia ver imagens de onde estávamos no percurso. Ou seja, por momentos viajávamos sem sair de casa (e com toda a segurança). A paisagem podia ser mais ou menos bonita de acordo com a localização da prova.
Instalei a aplicação e percorri os vários desafios disponíveis. Aqui não paga por ter mais ou menos kms, todos os desafios têm o mesmo custo associado e o pacote base (28,95€) inclui:
- O acesso à localização no percurso
- A medalha de finalista
- O dorsal (é verdade! Temos dorsal e nem temos de o prender com alfinetes!)
- Postais temáticos ao longo das várias milestones
- E pelos km feitos plantamos árvores ou retiramos garrafas de plástico do oceano
Os km podem ser inseridos de várias formas:
- Caminhada ou corrida na rua
- Natação
- Qualquer aparelho de exercício cardiovascular
- Tempo de exercício (há conversões para várias modalidades, por exemplo cada 10minutos de boxe são equivalentes a 1,79km percorridos)
Depois de ver todos os desafios disponíveis resolvi investir na distância da maratona e por isso não podia escolher outra: a primeira logo a original – Maratona a Atenas. Sim, é mesmo o percurso original feito por Pheidippides das planícies de Marathonás até Atenas para pedir ajuda. Bom, mais 2,95km para acertar com a história mais recente em que a Maratona de Londres tinha de largar no Castelo de Windsor.
Como fiz esta “maratona”?
Nada como uma viagem por uma grande cidade europeia para caminhar. Fiz os 42,195km em 7 dias utilizando os passos dados num dia apenas quando e só tinha caminhado pelo menos 10 000. Foi bastante motivante para começar e fez todo o sentido que fosse esta a primeira.
Ao fim do dia apenas tinha de introduzir os passos totais e o programa convertia-me em distância. No entanto, a aplicação também permite monitorizar a distância pelo GPS do telemóvel e comunica com algumas aplicações de gestão de treino.
Terminado o desafio só faltava receber a medalha que na fotografia era lindíssima. Bom, demorou mas chegou e é mesmo bonita. As novas regras da alfândega, que têm dado cabo da paciência de todos, obrigaram-me a declarar a natureza do objeto e apresentar 1001 comprovativos em como não era uma compra, mesmo assim paguei 3€ de processos declarativos. A medalha tem portes grátis incluídos quando nos inscrevemos.
Vale a pena e se não posso correr, inspiro-me no João Lima e vai mesmo ser a caminhar. Já dizia o Dean Karnazes “Run if you can, walk if you have to, crawl if you must”. A próxima é no meu destino favorito, adivinha qual é?