Os casos de morte súbita aumentaram e há indícios de danos no coração. Mas os especialistas ainda não têm grandes certezas.
Autora do artigo: Tara Parker-Pope, Publicado em 28 de Outubro de 2009
Quando decidi correr a minha primeira maratona este ano, fi-lo por motivos de saúde. Sabia que estabelecer uma meta difícil como correr uma maratona me iria ajudar a engrenar no meu programa de exercício físico.
Mas uma série de mortes recentes em corridas de fundo levou muita gente a questionar os benefícios para a saúde de correr uma maratona.
Há poucas semanas, dois corredores com cerca de 30 anos, um homem e uma mulher, morreram durante uma meia–maratona em San José (Califórnia). No último fim-de-semana, três homens com 26, 36 e 65 anos, morreram durante a maratona de Detroit, embora se tenha sabido mais tarde que os três competiam na meia-maratona. Ainda não é conhecida a causa de morte de nenhum dos corredores.
As mortes durante as maratonas não são inéditas, mas são relativamente raras. Em Abril, um estudo apresentado na sessão científica do American College of Cardiology, em Orlando (Florida), relatava que o risco de morte súbita durante uma maratona é 0,8 em cada 100 000 pessoas (0,0008%).
Esse risco é maior durante as provas de triatlo, que abrangem corrida, natação e ciclismo. No triatlo, o risco de morte súbita é 1,5 em cada 100 000, segundo o mesmo estudo. A incidência de morte súbita por problemas cardíacos em jovens adultos foi estimada em 0,9 e 2,3 em 100 000 para não atletas e atletas, respectivamente.
Em comparação, o risco de morte à nascença é de 13 em cada 100 000 nascimentos. O risco de morte por diabetes é de 23 em cada 100 000 pessoas. Por acidente de viação, é de 1 em cada 6 700 pessoas.
Muito se tem escrito sobre a hipótese de as maratonas aumentarem o risco de ataques cardíacos. Gretchen Reynolds investigou recentemente esta questão em grande pormenor no seu artigo “Como as maratonas afectam o seu coração“, disponível em inglês no site nytimes.com.
Embora vários estudos tenham detectado indícios de danos cardíacos a curto prazo em corredores de maratona, os benefícios de exercício regular parecem ser superiores aos riscos. Mesmo assim o estudo é perturbador.
Esta semana, a revista “Runner’s World” entrevistou Paul Thompson, director do departamento de cardiologia do Hartford Hospital e há muito corredor de maratona, que estudou a relação entre o exercício físico e as doenças cardíacas.
Thompson propõe uma série de explicações para o surto invulgar de mortes. Podemos estar a assistir a mais mortes pela simples razão de haver, hoje, muito mais corredores a participarem nesses eventos. Pode ser também que essas mortes sejam apenas casos aleatórios para os quais não há justificação racional.
Embora Thompson tranquilize as pessoas relativamente às corridas de maratona, também refere que ainda não se sabe muito a esse respeito. “Não há dúvida de que a maratona é uma prova muito dura e exigente”, disse ele à “Runner’s World”. “Estamos certos de que as pessoas que praticam exercício físico correm menos riscos cardiovasculares do que as que não praticam, mas a verdade é que não temos a certeza de que isso se aplique aos corredores de maratona”.
Exclusivo i
“The New York Times”
Sobre Vitor Dias
Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007 tendo completado 61 maratonas em 17 países. Cronista em
Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em
Porto Canal.
Site Oficial:
www.vitordias.pt
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