Eis um dos aspectos que o atleta não pode controlar. Em preparação por exemplo para uma maratona, são semanas e semanas de treinos, sabendo que as condições metereológicas podem deitar tudo a perder. Resta esperar pela sorte. E o que é ter sorte no que à temperatura ambiente diz respeito?
Existe uma faixa de temperatura que é definida como de neutralidade térmica, ou seja, uma temperatura ambiente que não exigiria nem lutar contra o frio nem contra o calor. Esta temperatura estará entre 20 e 24 graus Celsius. No entanto, esta definição vale para o indivíduo em repouso.
Durante o exercício, existe uma produção de calor tanto maior quanto mais intenso for o ritmo do exercício. Quando corremos, o conforto térmico ocorre em temperaturas bem mais baixas. É muito comum os atletas de provas de longas distâncias referirem como temperatura ideal a faixa de 10 a 15 graus, embora como é óbvio isso variar de individuo para individuo. Nesta faixa de temperatura, o frio é um aliado, ajudando o corpo a perder calor e melhorando o desempenho.
Quando a temperatura se situa entre 0 e 10 graus, certamente o calor produzido pelo corpo não consegue equilibrar a perda térmica, tornando-se necessário o uso de roupas para proteger o corpo da perda de temperatura.
Além de comprometer a integridade do atleta, inclusivé predispondo a maior risco de lesões ou até a problemas mais sérios, a redução da temperatura certamente prejudicará o rendimento. Os músculos precisam de uma temperatura corporal em torno de 37 graus para a adequada produção de energia. A eventual redução de temperatura prejudica as ações enzimáticas, comprometendo o desempenho, além de diminuir perigosamente a flexibilidade.
Temperaturas abaixo de zero seriam, teoricamente, incompatíveis com a prática de corridas e certamente já caracterizam provas de outra natureza. O frio desta magnitude causa danos muito sérios, frequentemente causando lesões nas extremidades. O sistema vascular sofre intenso controle dos vasos sanguíneos das extremidades para tentar evitar a perda de calor, e o uso de roupas especiais é absolutamente indispensável.
A outra repercussão das baixas temperaturas do ar ambiente é o intenso arrefecimento das vias aéreas. O ar inspirado arrefece o sangue nos pulmões, obrigando o corpo a aumentar ainda mais o metabolismo e literalmente competindo com o exercício realizado.
Sobre Vitor Dias
Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007 tendo completado 60 maratonas em 17 países. Cronista em
Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em
Porto Canal.
Site Oficial:
www.vitordias.pt
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