Apresentar o meu blog, é ter de apresentar a minha vida desportiva… Não esperem uma história épica de um herói olímpico… mas, eu orgulho-me do que tenho feito e espero que muita gente possa experimentar algumas sensações que a retoma da minha prática desportiva me proporcionou…
De facto, nunca fui grande desportista, mas desde que nasci quase sempre pratiquei desporto. Em miúdo joguei basquetebol e rapidamente passei para o futebol por onde me fui mantendo. A minha infância e adolescência foi passada com bicicleta como meio de transporte, com corridas e aventuras, muitas aventuras (vivia numa vila do interior de Portugal e tudo isso ela me proporcionou). No futebol, nunca joguei grande coisa e aos 18 anos, com a faculdade, praticamente acabou-se. Nos 5 anos de faculdade houve uma primeira pausa na prática desportiva, mas andava muito (estudei em Coimbra), a subir e descer ladeiras, de dia, à tarde, à noite… De vez em quando lá fazia uma futebolada com os colegas.
Depois da faculdade, vim viver para o Porto e, como não tinha os amigos comigo, retomei alguns dos gostos da minha adolescência e voltou pratica desportiva e as futeboladas… Como era profissional liberal (contratado ao serviço), tinha poucas despesas (solteiro) e bastante tempo livre, também comecei a ir à piscina com um casal amigo (aprendi a nadar com 27-28 anos)… e ainda sobrava tempo para sair à noite… Com o tempo a passar, quis dar um salto profissional e criei uma empresa. Acabou-se o tempo para a piscina, depois para o futebol, para sair à noite e … andava de carro, de elevador e praticamente não gastava as solas dos sapatos… fumava cada vez mais (fui fumador desde os 17 anos) e a minha alimentação era sempre a mesma coisa (rápida e no restaurante da esquina…).
Tive o meu primeiro filho (quando eu tinha 32 anos) e a empresa tinha sucesso… e cada vez mais trabalho. Foi o pouco tempo que passava com a minha família, o sentir que a minha saúde se poderia deteriorar rapidamente (cheguei a pesar 92 Kg e sentia-me stressado) que me começou a pressionar “por dentro”… Tudo acabou por se desencadear antes do Natal de 2007. Cedi as quotas aos outros sócios e arrisquei, porque já não tinha clientes como profissional liberal. Tinha algumas poupanças que davam para um ano de margem de manobra…
Voltei a ter mais tempo, mais prazer (mas não foi logo, foi lentamente). Rapidamente quis retomar a piscina (recordo-me de não ter sido capaz de fazer 25mts seguidos… e de ter ficado à beira de desfalecer) e comecei a sair ao fim-de-semana com a mulher e filho para passeios na natureza (utilizada um Land Rover Defender e fazia-o na companhia da malta do Todo Terreno Turístico). Retomei desejos de miúdo que achei que não poderia fazer mais (quando tinha a empresa) … como o meu filhote já tinha 2 anos, começámos (em família) a fazer fins-de-semana de campismo, de hotel… e até fomos para os Pirenéus franceses de auto-caravana. Esta foi a viagem decisiva: como não podia fumar na auto-caravana, foram 2 semanas sem cigarros (conseguido à base de pensos de nicotina)… quando regressámos, fui à piscina e achei que nadava mais e melhor… mas, retomei os cigarros. Na 2ª vez que fui à piscina depois da viagem de auto-caravana, sentia-me com dificuldades em nadar, respirar e pensei logo em deixar de fumar… tinha tido 2 semanas de experiência bem sucedida, se deixei de fumar 2 semanas, poderia deixar 3, 4… até hoje, não fumei mais.
De repente tudo se precipitou, para evitar as recaídas comecei a criar esquemas… como já nadava (só conseguia fazer 1000mts piscinas de bruços), criei uma motivação: fazer um triatlo (Olímpico)… Só tinha que correr e andar de bicicleta… mas toda a gente anda (pensava eu)… achava que com algum sacrifício ia lá… só tinha que reparar a bicicleta da minha adolescência e sapatilhas tinha muitas em casa… Para além disso, tinha um primo corredor e um cunhado ciclista e achava que até poderia receber uns conselhos.
Comecei a correr, acabei por comprar uma bicicleta por 400€ na net… e passava algum do meu tempo a procurar informação… cheguei aos blogs dos corredores e, pouco tempo depois, o blog era mais um motivo para me manter no desporto e evitar recaídas…
O meu filhote, com 3 anos, adorava os desenhos animados do Sportacus … e eu, para ele, era uma espécie de Sportacus… Afinal o meu filho tinha sido das principais razões do que estava a acontecer comigo e o nome do blog só poderia ser Doces Desportivos.
Hoje sinto que a minha mulher e filhos (já tive um segundo) são os meus leitores mais importantes… embora os filhos só venham a ler o blog daqui por uns anos. Também sei que tenho mais leitores assíduos, que procuro respeitar. Apesar disso, não consigo ir além do relato dos meus feitos e das minhas ambições…
Não tenho grandes pretensões com o blog… mas quero que com ele fique claro que é possível ter uma vida saudável, que nos realiza, investidos na família e no trabalho… É verdade que nele não falo do que sinto quando acordo, quando tenho uma semana pela frente, ao Domingo à noite… do que sinto quando surgem problemas no trabalho, em casa… mas é completamente diferente do que sentia há uns anos atrás. Hoje sou capaz de dar sempre uma resposta melhor… e sem comprimidos, sem stresses, sem dramas… e foi o desporto que me deu tudo isso. Não é o que pretendo mas espero que nele vejam como é possível melhorar a nossa qualidade de vida, só com o desporto (para quem quiser, é claro)… e se essa ideia passar no blog, já vale muito mais do que pretendo.
Endereço do blog: http://docesdesportivos.blogspot.com/
Abraço,
Rui Pena
Rui,
Sendo leitor fiel do teu blog (que às vezes só lamento não ser actualizado mais frequentemente), fiquei muito sensibilizado com a história que nos relataste e que não conhecia com todos estes pormenores.
Deixo-te um forte abraço pela tua força de vontade em evoluir na prática desportiva como forma de melhorar a qualidade de vida. É um extraordinário exemplo de que é possível cada um de nós viver um pouco melhor, bastando apenas que faça alguma coisa por isso.
abraço
MPaiva
Muito bem! Um belo exemplo! É bom quando se consegue “parar” a tempo. Alterar hábitos, e ter uma melhor vida, em que melhor significa mais saúde, a tal coisa que é um bem estar físico, mental e social. Isto é sucesso! Viver bem. Em minha opinião. Nem sempre o trabalho e consequentemente o dinheiro e a carreira nos favorece grande coisa… e muitas vezes Sucesso não tem rigorosamente nada a ver com esses “sucessos” profissionais e financeiros
Gostei de ler. Foi e é uma força de vontade, que serve de exemplo
Continuação de bons hábitos (dos quais destaco a Corrida, claro… o facto de não fumar, e o facto de privilegiar a família)
Um abraço
Ana Pereira
Amigo Rui
Gostei da história. Comigo passou-se algo idêntico, quando num dia pus o cigarrinho de lado e no outro pus-me a correr e não mais senti a necessidade daquilo.
O Desporto tem a particularidade de nos abrir os horizontes para a vida e a discernir melhor o essencial do supérfluo, por mais “supérflua” que pareça a própria Corrida. O nome de “Doces Desportivos” para este blogue que me habirtuei a visitar regularmente, foi muito bem escolhido, pois a palavra “doce” é indissociável do que é bom
Parabéns, Rui.
Grande abraço.
FA
Olá Rui!
A opção correcta de melhorar a qualidade de vida.
O desporto tem muitas vantagens.
Tal como tu, sou também grande adepto da bicicleta e da natação.
Aproveito por te felicitar pelo espaço e por partilhares tuas aventuras.
Grande abraço,
Luís Mota.
“Doces Desportivos” é um blog que visito assim que o Rui nos presenteia com relatos das suas aventuras.
Já conheci pessoalmente o Rui, foi no dia do II Meeting Blogger, estive depois de novo com o Rui no dia da Maratona do Porto de 2009, de ambas as vezes foram muito agradável esses encontros.
Aproveito para felicitar o Rui pelo caminho que resolveu seguir e por este espaço que já para mim de visita obrigatória, desejar também ao Rui e família tudo de bom.
Mais uma vez agradecer ao Vitor Dias pela exclente divulgação que está a fazer dos blogues que falam de corrida e não só.
Grande abraço aos dois.
Conheci virtualmente o Rui há cerca de 1 ano atrás por altura dos 10k de Avintes e desde aí passei a acompanhar os seus relatos com bastante interesse.
Foi com grande satisfação que o conheci pessoalmente e também poderei considerá-lo como o principal responsável se algum dia me vier a estrear no triatlo (no duatlo está quase)!
Um grande Abraço para ele
He pá, ó Rui, tirando o facto de que nunca nadei, não estudei em Coimbra, não fumava quando comecei a correr, nunca fui aos Pirenéus, não tenho dois filhos, nunca tive uma auto-caravana e nunca pesei 92kg, a nossa história é igualzinha 😉
Um abração