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Métodos de treino de velocidade

Para melhorar os seus tempos numa distância tem que inevitavelmente aumentar a sua   velocidade de corrida, ou melhor dizendo baixar o seu ritmo e esse é um dos maiores desafios do corredor de meio-fundo e fundo. A maior parte dos corredores preocupa-se sobretudo com a resistência aeróbia, que lhes permite correr durante mais tempo, no entanto isso parece não chegar para melhorar as marcas. O treino de velocidade acaba por ser uma realidade mesmo para quem quer correr uma maratona.

De acordo com o Professor Moniz Pereira, pai dos métodos de treino do meio-fundo e fundo em Portugal, o treino de velocidade consiste numa sessão intervalada, a duração dos intervalos e a sua intensidade são as principais variáveis a ter em conta: 

Intervalado curto

  • Deve ser feito em pista ou com distâncias conhecidas e num piso regular.
  • A distância indicada varia entre os 200 e 400m que devem ser percorridos num espaço de 1 minuto a 1 minuto e meio.
  • O atleta deve começar com 4 a 6 séries e pode ir até 12 ou mesmo 15, devendo diminuir o volume a 2 semanas da prova e podendo mesmo eliminar na última semana.
  • A velocidade deve ser constante entre as várias séries de intervalos. Embora pareça tentador fazer um esforço progressivo, o objectivo é melhorar entre sessões mas manter um esforço relativamente constante numa mesma sessão.
  • A intensidade é, naturalmente, perto da frequência cardíaca máxima devendo o atleta ter uma preparação suficiente para este tipo de esforço.
  • A recuperação deve ser feita em trote lento, idealmente, podendo haver paragem completa do esforço entre repetições.
  • Desenvolve sobretudo potência muscular.

 Intervalado longo

  • Pode ser feito em função do tempo ou da distância, podendo não ser feito em pista.
  • Consiste em intervalos de 3 a 5 minutos, ou distâncias de 1000 a 5000m.
  • O ritmo escolhido deve estar muito próximo do ritmo de prova, e o número de séries varia entre 3 e 5 intervalos por sessão. À medida que se aproxima da prova, diminua a distância dos intervalos ou a sua duração.
  • A recuperação deve ser sempre feita em trote lento, com a mesma duração do intervalo e a intensidade ronda os 70-80% da Frequência cardíaca máxima.
  • Este método trabalha sobre o limiar anaeróbio, melhorando a tolerância ao ácido láctico o que atrasa a fadiga muscular do atleta.

 Fartlek

  • Trata-se sobretudo de um jogo de corridas, pelo que não tem uma distância ou intervalo definidos.
  • O atleta deve procurar pontos de referência ao seu redor e acelerar até eles, recuperando depois em trote lento. Uma sessão pode ter 20’ a 45’ de duração e a intensidade varia entre os intervalos dos métodos anteriores, conforme o nível de esforço pretendido pelo atleta.
  • Além da velocidade e do limiar anaeróbio, este método contribui também para uma melhoria da condição aeróbia.

Time-trial ou Tempo-run

  • Consiste em correr uma determinada distância no mínimo tempo possível ou correr a maior distância possível num determinado tempo. Basicamente, é uma corrida cronometrada.
  • O ritmo escolhido deve estar muito próximo do ritmo de competição, podendo ser definido como “confortavelmente exigente”.
  • Trata-se de um trabalho específico para a prova, desenvolvendo as três variáveis: a velocidade, a condição aeróbia e o limiar anaeróbio.

 Vantagens e desvantagens dos métodos

De uma forma geral, o treino de velocidade é o menos agradável para o corredor de meio-fundo e fundo.

Este está habituado sobretudo a “rolar” e estes métodos exigem cronómetro, distâncias específicas, esforços controlados e concentração/focus mental. No entanto, pela sua importância na melhoria da performance, é raro o atleta de pelotão que ainda não aderiu a pelo menos um deles.

Nesse sentido, o fartlek é o método mais divertido na medida em que lhe permite inserir no seu treino habitual acelerações ao sabor do seu feeling. Se gosta especialmente daquela rampa ou daquela volta ao lago, basta acelerar e voltar depois ao “rolamento” até passar noutro ponto interessante. Se corre na praia pode, por exemplo, correr a fugir das ondas na zona da rebentação. Enfim, há um sem número de combinações neste que é um jogo por definição.

Mas, tudo o que é demais cansa e poderá mesmo ter de se obrigar a treinar esse ritmo. Os intervalados curtos, ou séries, exigem que tenha uma pista ao dispor ou distâncias pré-definidas e obrigam a uma maior concentração enquanto os intervalados longos lhe permitem trabalhar num ritmo menos exigente mas mais realista do seu esforço de prova.

Por último, abra guerra com o cronómetro e saia para uma tempo-run algumas semanas antes da prova. Descubra o resultado de todo esse esforço. Em alternativa, procure uma prova mais curta antes do evento para que tem treinado. O ambiente de prova é favorável a uma boa prestação mas deve encarar isso como um treino.

Qualquer que seja o método utilizado, não dispense um aquecimento e um retorno à calma suficientes. Estas sessões devem ser geralmente mais curtas em duração, podendo ser feitas no dia em que tem menos tempo mas deve fazer 10-15’ de trote lento, alongamentos e eventualmente alguns exercícios de resistência (abdominais, lunges, agachamentos, step-ups).

No retorno à calma, termine com o mesmo tempo de trote e alongamentos. Não perca o artigo sobre flexibilidade e alongamentos.  

 

Bibliografia:

Pedro, F. e Colaço, P. (2001) O treino do corredor de meio-fundo – reflexões e propostas de trabalho.

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Filipa Vicente
Filipa Vicente
Nutricionista (CP1369N) e Professora universitária (IUEM). Escreve para o Correr Por Prazer desde a sua criação em 2008. É essencialmente uma facilitadora de escolhas na busca da melhor versão de nós mesmos. Site oficial: https://nutrium.io/p/filipavicente/blog

24 COMENTÁRIOS

  1. acho que estas imformações como se deve fazer
    varios tipos de treino são bastante uteis para quem minimamente gosta de atletismo

  2. Olá Dra.Filipa.Estou de acordo, a velocidade dá resultados em todos os níveis, inventado pelos alemães nos anos trinta,aplicado praticámente em todos os desportos.Com respeito a nossa modalidade aperfeiçoado pelo nosso querido mister prfss.Moniz Pereira a quem o atletismo lhe deve muito,na minha opinião,felecidades.

  3. gostaria de saber tecnicas para melhorar minha velocida 100 200 400
    11,35 25,25 56,10
    quero paticipa do paraibano agora em abril……….ok

  4. Ola…

    gostaria de lembrar-lhes que o treino de fartlek citado nesse texto nao é um treino para velocidade e sim para resistencia de velocidade, uma compomente bem diferente.

    Att.
    Academico de Educacao Fisica

  5. presiso melhorar minha saida do bloco…
    apredi muita coisa que eu antes ñ sabia…
    muito obrigado pela aula……………….

  6. Agradeço informação treino para jovens e adultos, (8 anos a veteranos -65 anos)em atletismo – velocidade, fundo e meio fundo

  7. Olá Waldenia

    Na minha opinião, a melhor passada é aquela com que nos sentimos confortáveis.
    Corremos desde pequenos e não é fácil alterarmos a nossa forma de correr.
    Se corre por prazer não se preocupe com isso e corra da forma que lhe der mais conforto.

    Cumprimentos

  8. Importante esse treinos para atletas de alto nivel. Para os amadores, ainda precisam melhorar muito a resistencia para correr bem as provas de 10 km.

  9. Normalmente eu corro alternando entre dois tipos de pisada: a convencional (começando com o calcanhar) e a “natural” (pisando só as plantas ou quase as pontas dos pés). Eu alterno conforme eu sentir mais confortável e apropriado, normalmente uso a pisada convencional para aumentar a velocidade ou dar sprints. É saudável isso?

  10. eu não tenho pista para treinar tiros gosto fazer treinos com rodagem confortável e correr no estilo fartlek , minha duvida no meus longão eu devo correr no fartlek e ou fazer uma rodagem …meus longão tó fazendo entre 18 km e 30 km…durante a semana faço sempre treino de rodagem com 10 km ou 12 km …mais ou menos faço um tempo de 50 mim ….

  11. Corro bem os 10km , faço em 53min , minha maior dificuldade para avançar na distância e diminuir o tempo , são dores incômodas que sinto nas costas , nos músculos do meio das costas ( na altura do peito sendo nas costas) é normal ? O qque posso fazer para melhorar?
    Obrigado

  12. Boa tarde, meu nome é Rafael e gostaria de artigos sobre treinamentos e datas de corridas.
    Muito Obrigado.

  13. Boa tarde, Sou mãe de um atleta de competição, velocista de 17 anos e como leiga na questão, gostaria se possível que me esclarecesse o seguinte : após um fim de semana provas e normal que no dia seguinte se façam cargas de 80 kg durante bastante tempo? Não será excessivo? Ele já foi submetido a uma artroscopia ao joelho direito e após esse tipo de treinos já está a ficar com dores no esquerdo. Eu gostaria que ele mudasse de treinador, pois o atual e bastante novo e nunca fez competição!
    Obrigada
    Cumprimentos
    Sandra Soares

  14. Bom dia atletas.
    Tenho um amigo que corre a mais de 40 anos, porém hoje, com a idade já avançada a sola do pé dele está sem gordura, ele sente muita dor para correr devido a isso. Ele foi a alguns médicos, e fez alguns tratamentos clínicos e naturais, mas nada melhorou. Alguém que vir esta mensagem poderia sugerir algo ou conheçe alguma situação parecida?

    Obrigado atletas.

  15. Se o seu colega já consultou vários médicos e estes não lhe resolveram o problema, dificilmente irá encontrar aqui solução para a lesão.
    Sugiro que consulte um ortopedista ou um podologista.
    Cumprimentos

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