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Dieta Paleolítica – Parte II

Dieta PaleolíticaComo foi antes referido, a dieta paleolítica não deve ser encarada como uma dieta de emagrecimento mas sim como uma nova filosofia de escolhas alimentares que se pauta por princípios muito simples. Entenda o porquê de serem excluídos alguns dos alimentos que fazem hoje parte do cabaz básico de qualquer lista de compras.

 

Leite

Já falámos das vantagens e desvantagens do consumo de leite anteriormente. Nesta filosofia alimentar, o leite é um alimento a excluir obrigatoriamente porque implica precisamente que sejam removidos alimentos que necessitem de processamento.

Ora o homem do paleolítico não perderia tempo a correr atrás de um animal para lhe tirar leite, até porque a possibilidade de encontrar um apto a ser ordenhado era reduzida, nem tão pouco tinha ali disponível ao lado um frigorífico.

Mas os fundamentos dos especialistas vão mais além, de acordo com autores como Melnik, o leite é um provável responsável por muitas doenças da civilização moderna. Porquê? A sua riqueza nutricional “facilitada” parece despoletar um mecanismo de sinalização que está relacionado com um crescimento exacerbado de células, o que pode acontecer num cancro; com a ativação de mecanismos que induzem a acumulação de gordura; e com fenómenos propensos ao aumento de proteínas inflamatórias e vários metabolitos tóxicos para o organismo.

 

Cereais

Os cereais são a nossa “bomba de gasolina”, certo? Pois, talvez por isso os especialistas acreditem que a sua cultura e a sua ingestão estão na origem do excesso de peso e de muitas doenças que hoje assumem uma prevalência sem precedentes.

O Homem do paleolítico tirava partido da energia fornecida por alimentos que não necessitavam de qualquer refinação ou processamento: fruta e tubérculos. No limite necessitariam de ser confecionados.

E se analisar o seu cabaz de produtos de cereais e derivados, encontra muito poucos produtos que mantenham a sua forma original:

  • Farinhas – os cereais são “descascados” e moídos, a farinha é uma matéria-prima para muitos subprodutos
  • Cereais de pequeno-almoço – fabricados  a partir de farinhas de diversos cereais a que são adicionados aromas e muito açúcar. Exceção: flocos de aveia e de cevada
  • Bolachas e tostas – olhe por favor para os ingredientes do pacote mais próximo e tire as suas conclusões
  • Massa – sim, o alimento rei do desportista também é um subproduto de cereais. A farinha do trigo duro tem de ser processada para dar a nossa apreciada massa.
  • Pão – farinha mais ou menos refinada, fermento, sal e água. De todos os alimentos que aqui referimos, deve ser o que apenas implica um processamento simples de refinação e fermentação.

 

Encontramos uma exceção adicional, além da aveia e da cevada, nas prateleiras de qualquer supermercado: o arroz.

Por estas razões, este modelo alimentar é bastante recomendado a indivíduos com doença celíaca, ou seja, intolerância ao glúten visto que o cereal rei da alimentação humana – o trigo, está totalmente “proibido”.

 

Leguminosas

O seu valor nutricional é inquestionável, no entanto têm uma grave desvantagem. Na sua composição podemos encontrar proteínas designadas lectinas que são absorvidas integralmente e podem desencadear fenómenos auto-imunes.

O processamento e a confeção ajudam a minimizar o teor de lectinas das leguminosas mas não as torna totalmente isentas.

 

Açúcar

O Homem do Paelolítico não adoçava os alimentos com açúcar e muito raramente procurava colmeias para arranjar mel. Tirava partido do sabor natural dos alimentos que acreditamos serem hoje em dia muito mais artificiais e por isso temos o nosso “apetite” particularmente “viciado” e demasiado exigente.

 

Bebidas

Acreditamos que também não bebia 1,5l de água, bebia quando tinha sede e quando encontrava água potável para ingerir. Comia as uvas e não bebia o vinho, nem tão pouco o sumo da fruta porque isso desperdiçava recursos.

Embora “Os Deuses pudessem estar loucos”, não havia máquinas de venda automática de refrigerantes nas savanas e vastos prados onde caçavam. O açúcar utilizado nesse tipo de bebidas já é por si só um sinal do progresso.

 

E agora começa a perguntar-se: o que vou eu comer se quiser aderir a este “convento”. No próximo artigo fica a saber como integrar os princípios mais importantes do Paleolítico na sua alimentação de todos os dias.

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Filipa Vicente
Filipa Vicente
Nutricionista (CP1369N) e Professora universitária (IUEM). Escreve para o Correr Por Prazer desde a sua criação em 2008. É essencialmente uma facilitadora de escolhas na busca da melhor versão de nós mesmos. Site oficial: https://nutrium.io/p/filipavicente/blog

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