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Como lidar com os excessos alimentares?

A moderação é a palavra-chave para definir uma alimentação saudável e equilibrada. Mas como foi bem focado nos artigos anteriores, ninguém é pago para cumprir estes mandamentos religiosos na hora de se sentar à mesa e satisfazer um dos prazeres mais primitivos – comer.

Provavelmente já lhe está a ocorrer que por praticar desporto pode cometer erros sem medo de engordar. De facto, um indivíduo que mantenha uma actividade física regular e intensa como a corrida, tem maior gasto energético do que um indivíduo sedentário pelo que tem maior margem de manobra na alimentação. Recordo apenas, que o rendimento e a performance desportiva não dependem apenas das calorias mas também da qualidade dos alimentos ingeridos. De uma forma geral, os alimentos ricos em calorias e que todos mais desejam são pobres do ponto de vista nutricional. Faltam-lhes as vitaminas, os minerais, as fibras e até os hidratos de carbono certos para constituir reservas de glicogénio e repô-las.

O sucesso dos hábitos alimentares saudáveis depende exclusivamente da motivação de cada um. Se por um lado há pessoas que se privam dias a fim do alimentos que gostam e depois quando algo surge na vida deles, fazem as maiores asneiras e voltam à dieta quando acham possível (método iô-iô), outras conseguem compatibilizar uma alimentação equilibrada e variada com pequenos excessos que não têm qualquer impacto no peso, na gordura corporal e sobretudo na saúde. Descoberto esse equilíbrio, a sua vida nunca mais será a mesma.

Errar é humano e por isso não se pode esperar que uma pessoa siga um plano regrado 24horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano. Isso é a maior utopia nutricional em que podemos pensar. Mas pode ter uma boa regra de bolso base, idealmente deve comer de forma equilibrada e saudável em 90% do tempo. O que quer dizer que, fazendo 6 refeições diárias, o que dá 42 refeições semanais, tem uma margem de 4 erros alimentares por semana. Isso dá um excesso dia sim dia não. Será muito difícil?

Atenção que eu não estou a contabilizar não fazerem refeições intermédias. Ou seja, é suposto comerem cada 2h30, no máximo cada 3 horas. Saltar um lanche também é um erro alimentar.

Outra forma positiva de lidar com o problema, é tentar minimizar os seus danos e podem adoptar-se várias estratégias:

Erro – compensação. Uma almoçarada numa tarde de sábado ou domingo pode ser seguida de um jantar mais leve, pobre em gordura e rico em saladas e hortaliças para ajudar a metabolizar os excessos.

Gastar no treino. Embora polémica, a opção de fazer um treino extra no dia de um excesso alimentar pode ser uma boa opção para manter os ponteiros da balança estáveis.

Errar com peso e medida. Pegando na estratégia do menos mau e do menos bom. Pode optar por gerir entre um prato mais pesado com uma sobremesa mais leve (fruta fresca), ou um prato leve e doce como sobremesa. E tem ainda a hipótese de comer um pouco de tudo em menor quantidade.

A estratégia que nunca falha e que pode ser conjugada com qualquer uma das anteriores: voltar ao “plano” logo que possível. Ou seja, feita a asneira, o pior que pode fazer é pensar “perdido por cem perdido por mil, amanhã faço bem de novo”, é essa a origem do iô-iô e sobretudo esse o motivo porque muitos desistem. O benefício está em desfrutar da refeição e saber enquadrá-la no caminho certo.

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Filipa Vicente
Filipa Vicente
Nutricionista (CP1369N) e Professora universitária (IUEM). Escreve para o Correr Por Prazer desde a sua criação em 2008. É essencialmente uma facilitadora de escolhas na busca da melhor versão de nós mesmos. Site oficial: https://nutrium.io/p/filipavicente/blog

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