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Eu é que sei onde há as melhores francesinhas!

Paulo Jorge DiasNem Capa Negra, nem Lado B (nem C, nem D), nem Tasca não sei das quantas. As melhores francesinhas são as da Gaumont e do StudioCanal.

E não adianta irem a correr ao TripAdvisor, para saber a classificação delas, que estas casas não servem refeições mas sim filmes.

Filmes, que ‒ e agora sim ‒ trazem lá dentro as tão apetecíveis e irresistíveis francesinhas. São menos vistosas do que as nossas: não vêm encharcadas com molho, nem soterradas em batata frita. E se alguém experimentar espetar-lhes com um ovo estrelado em cima, o mais certo é acabar com um bom par de estalos em cada lado da cara, com a agravante de que, se for num filme do Luc Besson, acabam por com o pescoço partido em três ou quatro sítios.

Também costumam ser pequenas, que os franciús fazem-nas como os carros: compactas, mas cheias de garra. O tamanho, neste caso, tem uma palavra a dizer porque gosto de acreditar que são desenhadas milimetricamente de modo a caberem naquelas camas de solteiro dos exíguos apartamentos parisienses.

Estas francesinhas são tão especiais, tão especiais que nem precisam de levar a classificação de “Especial” como as nossas. Em vez disso, têm nomes difíceis de pronunciar mas deliciosos de ouvir: Audrey Tautou, Marion Cotillard, Léa Seydoux (nham, nham), Sophie Marceau, Emmanuelle Béart, Eva Green, Juliette Binoche… [esperem lá um bocadinho, que de repente fui teletransportado para Paris e estou sentado numa esplanada à beira Sena, de baguete na mão, a vê-las passar a todas, de bicicleta com cestinho à frente e saias esvoaçantes, deixando para trás risinhos estonteantes e olhares perfumados].

Sem falar das francesinhas da velha guarda, quase todas já fora de circulação, mas tão dentro do prazo, como a Isabelle Adjani, a Jane Birkin ‒ errrrrrrrr! só estava a ver se estavam de pestana aberta, que a Jane era inglesa ‒, Carole Bouquet, Catherine Deneuve ‒ oh, mon Dieu! ‒, e, claro, Brigitte Bardot… se bem que esta talvez pertença a um outro campeonato, o das francesonas, mas disso falo-vos noutro dia.

Por agora, meus caros e caras amigos francesófonos [e atenção que há aqui uma diferença subtil, porque os francófonos são os que falam francês e os francesófonos são os que não falam porque estão quase sempre de boca cheia, amordaçados por garfadas de francesinha e batata frita]…

Dizia eu, deixo-vos agora no aconchego das vossas suculentas francesinhas, que eu tenho de voltar rapidamente a Paris antes que as verdadeiras francesinhas arrefeçam e a fantasia se dilua no meio da fumarada tossida por todos aqueles Renaults, Peugeots e Citroëns que se acotovelam pelos Champs-Élysées fora.

Só que não! É que logo hoje havia de me apetecer uma coisa mais ligeira, tipo pãozinho sem nada, mas mais para o exótico.

Talvez uma pita, que todos reclamam como sua lá no Médio Oriente, mas que toda a gente sabe que a mais saborosa é a israelita. E aí, tenham lá paciência, não há melhor Pita do que a da Gal Gadot.

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Paulo Jorge Dias
Escritor e jornalista, foi autor da Trombeta de Casal da Burra, um dos primeiros sites de humor em Portugal (2000). Trabalhou no Público, JN e SOL. Site oficial: Site Oficial:

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