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Food não assim tão fast

Gosto de comer fora. Do acto de entrar no espaço, absorver o ambiente, escolher o prato, degustar calmamente, sentado à mesa, com um bom vinho a acompanhar. Para sobremesa, se houver, um pudim Abade de Priscos, café e CRF (passe a publicidade).

Tudo coisas impossíveis num restaurante de fast-food.

Mas eu gosto de fast-food. Há momentos para a fast-food e momentos para um restaurante tradicional.

No entanto, há quem não perceba a diferença entre o Rei dos Hambúrgueres e o Chanquinhas.

Não acreditam?

Então imaginem a cena. Sábado à noite, acabam de sair de um jogo de futebol com os miúdos. É tarde para estar a cozinhar, os putos estão cansados, vocês também. O Rei dos Hambúrgueres fica a caminho de casa. É fast. Fast!

Entram, dirigem-se às abençoadas maquinetas que tornam os pedidos ainda mais fast e… bolas! A maquineta não aceita Mbway. Calma! Nada está perdido, fazemos o pedido e pagamos na caixa.

Ao chegar à caixa, alguém com uma t-shirt com a inscrição “VOLUNTÁRIO” nas costas, voluntaria-se para se atravessar à frente do vosso caminho e do resto da vossa noite.

O jovem voluntário, nitidamente, desconhece o conceito de fast-food, ou faltou às aulas de Inglês.

Num tom blasé, encosta-se ao balcão como se fosse pedir um “Dry Martini, shaken, not stirred”. Olha fixamente para as apelativas imagens dos vários tipos de hambúrguer. Mão no queixo. Pensa… pensa…

Qual James Bond de mira apontada a um agente soviético dispara então várias perguntas sobre os hambúrgueres do monarca.

“O King Royal Cheese Bacon Double Crispy leva o quê?”

E a funcionária, pacientemente, lá elenca a lista de ingredientes.

“E o Double Big Juicy Cheese Ham King? Leva o quê? E a carne é de quê?”

“São dois tipos de carne…” responde a menina da caixa, já a revirar os olhos em uníssono comigo.

“Então vou levar o King Crimson In The Night Double Royal Dark Side of The Moon.”

“São 9,50€.”

“Só pela sande?”

Definitivamente, o voluntário era virgem no mundo da comida rápida (rápida! ouviste? rápida!) e a desfloração foi dura.

“Sim, só a sande…”

“Hmmm é muito… é por ter duas carnes?”

“Pois… não sei…”

Nova reviradela de olhos.

“Então, quero o outro… o Champions League King City Double Bacon”

Este já só custava sete euros e uns trocos. Transação concluída.

Finalmente, após dez minutos neste vai e vem, pude pagar o meu pedido e lá se foi a rapidez que eu esperava da coisa.

Malta virgem na fastfood:

Aquilo não é o Caraças, o Brasão ou o Dolce Itália! É chegar, olhar, pedir e pagar. Com o tempo, vão perceber que nem precisam olhar pois, ao passarem da porta, já sabem o que vão pedir.

Se querem escolher o tempo de maturação da carne, ou a cor dos olhos da donzela que colheu as alfaces, o local é outro! Engonhar é noutro sítio!

Fast! Rapidez! Velocidade!

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António Pinheiro
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

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