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José Melo

É um dos atletas mais conhecidos do pelotão nacional. Divertido afável, simpático, divertido e um dos muitos atletas que corre por prazer. O que muitos não sabem é que este analista de sistemas já pesou 100 kg e que há 10 anos resolveu mudar de vida. Desde então já concluiu 28 maratonas. Venha conhece-lo e verificar que nunca é tarde para mudarmos de vida.

“Há dias divulguei a minha foto de há 10 anos atrás. Estava bem mais “largo” e pesava à volta de 100 kg. O Vitor Dias viu a foto e desafiou-me a transmitir o meu testemunho. O que aconteceu comigo, de forma geral é comum a muitos parceiros de corrida que conheço desde que comecei a correr, de cujas experiências me falam.

Antes quase não fazia exercício físico, além do mínimo obrigatório do dia a dia, se necessário correr uns metros para apanhar o comboio. Até à escola secundária tinha educação física e fiz a recruta do serviço militar obrigatório, mas mais como obrigação que por convicção. De forma geral, atividade física não era comigo, tanto o trabalho como os hobbies tinham o mínimo de atividade física.

Devo dizer que me sentia bem comigo e com os outros, era feliz, não desejava ser menos pesado, mais magro ou mais ágil. Integrava-me no conceito popular de “gordura é formosura”, achava as pessoas rechunchudas mais alegres, mais felizes, e acumulavam mais energia que as pessoas mais magras. Afinal de contas, levar uma vida mais saudável não é sinónimo de tornar uma pessoa mais feliz ou mais infeliz. Julgo ser uma questão de espírito interno, de escolha individual. No meu caso, desde jovem que respeito o açúcar e o sal (pela vivência de familiares), mas curiosamente as gorduras e os hidratos de carbono faziam a minha “felicidade” alimentar.

A origem de começar a correr ocorreu há cerca de 15 anos, quando comecei a ter uns sintomas e problemas de saúde, originados por excesso de sedentarismo, quase não fazia atividade física e tinha muito pouco cuidado com a alimentação (ou nenhum). Excesso de peso, gorduras, colesterol, stress, pressão arterial, comecei a ter tonturas.

Depois de muito insistido, pouco a pouco fui-me convencendo a fazer a vontade às pessoas que aconselhavam a mudar o meu estilo de vida. Não me foi fácil alterar hábitos enraizados e não sentia motivação por atividades desportivas, nem gostava de correr. Em 2004 comecei numas caminhadas e nesse Outono (lembro-me bem desse dia) comecei a tentar correr. Corria uns 100m e ficava cansado. Pouco a pouco fui aumentando distâncias. Mas foi importante porque fiquei com a intenção de continuar, mas fazia-o muito ocasionalmente, mais por dever.

Em 2008, com 46 anos, ocorreu-me uma alteração que posteriormente achei surpreendente. Em vez de correr quase por obrigação, com intuito de melhorar a saúde, passei a sentir um grande prazer na corrida só por si. E foi até hoje. Em 2009, através de um colega de trabalho, comecei a treinar em grupo, integrei-me na equipa Run 4 Fun e a correr habitualmente.

Não tenho treinos fixos. Treino quando posso. O dia-a-dia é um exercício difícil e requer vontade e motivação para organizarmos com cuidado as nossas tarefas diárias.

Gosto de treinar acompanhado e gosto de treinar só. Sozinho, treino melhor a resistência psicológica e concentro mais a atenção. Acompanhado, a atividade torna-se mais agradável e motivante.

jose_meloA Serra de Sintra é o meu local de treino preferido. Como é um pouco distante, no dia-a-dia junto-me aos vários grupos de treino que existem na zona de Lisboa, mais habitualmente em Monsanto.

Correr ajuda a controlar o peso. Mas é importante perceber que o principal gasto energético é das necessidades básicas metabólicas do nosso corpo e não é tanto das nossas atividades físicas. Pouco a pouco fui percebendo que o principal fator para controlar o peso é ter cuidado com a nossa alimentação. A atividade física (não só a corrida) é um grande aliado. Com a corrida adquiri hábitos alimentares diferentes de forma natural. Alguns alimentos com que me sinto melhor desde que faço atividade física são diferentes dos que gostava antes. Passei a ter alguns cuidados. Sei que se comer mais hidratos de carbono de elevado índice glicémico, e alguns tipos de gorduras, se desregular a minha alimentação e descuidar-me com o peso, tenho mais dificuldades em correr, tiro menos prazer da corrida e é mais penoso de recuperar. Com esta alteração cultural face à alimentação, tornou-se fácil adquirir naturalmente novos hábitos.

Correr também pode trazer algumas coisas más. Tem grande impacto nas articulações, um grande receio que tenho. Estou sempre muito atento aos meus joelhos. Correr muito e incorretamente em pisos duros e em areia pode criar algumas lesões. Correr em “trilhos”, e outros pisos acidentados, tem riscos de quedas, tropeções e acidentes resultantes da irregularidade do piso. O que tento fazer é diversificar o tipo de percurso, de volume e de intensidade nas atividades.

Portugal tem excelentes percursos, paisagens, atividades e locais para disfrutar do prazer de correr. Existem vários eventos em Portugal dos quais fiquei com muito boas recordações, seja pela beleza da paisagem, pelas particularidades do percurso, pelo seu ambiente. Hoje motiva-me mais conhecer novos percursos, paisagens, ambientes, independentemente das distâncias. O convívio com parceiros de treinos e corridas e ao mesmo tempo contribuir para manter alguma forma física.

Basta ter vontade, vestir os calções e t-shirt e calçar as sapatilhas de corrida. E correr!

Se quisermos, conseguimos.”

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Vitor Dias
Vitor Dias
Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007, completou 67 maratonas em 18 países. Cronista em Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em Porto Canal. Site Oficial: www.vitordias.pt

3 COMENTÁRIOS

  1. Grande Zé Carlos. Uma história que é um exemplo para muitos. Tive o privilégio de acompanhar a tua evolução, desde o “gorduchinho” bem disposto que, timidamente, apareceu no pelotão há meia dúzia de anos, até ao grande atleta que é hoje e que já me tira quase uma hora na maratona.Logo eu, um “atleta de referência”, eheh . Parabéns, Zé Carlos, continua sempre com a tua boa disposição e a ser aquele amigo que todos gostam de ter. Grande abraço.

  2. Excelente artigo. O Zé é um grande exemplo de conquista. É um grande companheiro e onde está, há sempre alegria..

  3. Um grande abraço ao Vitor por manter este excelente blog e uma saudação muito especial ao meu amigo Zé Carlos, que espalha a boa disposição e o companheirismo em todos os locais por onde passa. E são muitos, porque nunca vi ninguém que participe em tantas provas e tantos treinos! Campeão continua a ser o fantástico exemplo que és para todos nós.

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