Para mim a corrida foi mais uma peça, num puzzle de muitas outras coisas, que encaixou no momento certo. Depois de 20 anos a fumar, a comer e a beber sem qualquer restrição, sentia que estava na altura de fazer um clique qualquer algures. Felizmente sem qualquer problema de saúde, para além do peso exagerado fruto de uma boa boca, sentia o corpo a pedir tréguas.
Tudo começou com a mini da Ponte 25 de Abril mas para não me repetir podem ver o inicio da coisa neste post sobre esses primeiros tempos e todo o percurso inicial.
Prefiro aproveitar esta oportunidade para fazer um pequeno ponto de situação.
Ao fim destes 3 anos (que recoheço serem ainda ínfimos) continuo a perseguir o peso ideal (ou pelo menos o que gostaria de ter) como se fosse um sonho anoréctico.
Continuo em busca do melhor tempo e gosto sempre de superar o tempo de ano anterior, embora raramente me prepare e à partida tenho sempre na ideia ir devagarinho e sem me cansar.
Consegui incluir os treinos regulares e as provas ao fim de semana na minha rotina.
Consegui pegar o bicho a alguns amigos e sobretudo à minha mulher que participa já regularmente nas provas mais pequeninas.
Sinto cada vez mais o apelo por provas mais off-road. Um maior contacto com a natureza, um espírito de aventura mais presente, um deslumbrar constante dos sentidos. A estrada é mais aborrecida, é mais para o tempo. Mas à falta de um bom trail tragam-me uns Km’s de alcatrão, claro.
Felizmente cada vez há mais gente a participar, cada vez há mais provas no calendário.Na minha primeira mini, observava atentamente os ateltas que terminavam a meia maratona. 21Km e mais uns picos. Como era possível? Um ano depois era a minha vez. Depois de quebrar a barreira da maratona, fiquei com uma vontade enorme de ir conhecer outras terras aos 42Km de cada vez. Mas uma coisa que noto é que cada vez é mais trabalhoso planear uma época.
Já não podemos ir todos os anos às favoritas porque mesmo essas inevitavelmente se atropelam no calendário. Depois incluir umas 2 ou 3 manatonas, umas cá dentro e outras lá fora, mais os meses de treino que antecedem as ditas cujas e uma escolha das provas em função das distâncias, porque não há tempo para tudo e convem incluir as provas no plano de treinos….
Mais a escolha das maratonas internacionais em que por vezes as inscrições têm de ser feitas no ano anterior… uma dôr de cabeça é o que vos digo. Vejam bem a trabalheira que o vício nos dá.
E digo trabalheira porque este vício é apenas mais um de entre muitos e é preciso manter o equilíbrio com todos os outros: trabalho, família, tempos livres (mesmo livres), cultura, férias, comer e beber do bem bom, amigos, e muito mais.
Faço questão de equilibrar estas coisas todas no tal puzzle que venho fazendo já há vários anos.
E porque escrevo o blog do gajo que mudou de vida? Por um lado para consumo próprio. Já várias vezes o consultei para confirmar datas, povas, etc. E que se não escrevermos a coisa esfuma-se no tempo. Mas mais importante, e já tive essa confirmação algumas vezes, sei que consigo tocar outras pessoas. Sei que consigo pegar o bicho. E este bicho é muito bom.
Da mesma maneira que o meu colega Luis me contou este segredo, eu sinto obrigação de o contar a toda a gente. Sei que poucos acreditam, sei que é mais fácil não gostarmos de correr, mas também sei que alguns insistem em tentar. E também por eles lá vou conseguindo encaixar mais uma pecinha.
Apareçam no próximo fim de semana para mais uma corrida.
Link do Blog: http://corremais.paulopires.net