É muito fácil ler um livro e depois escrever uma bela crítica sobre o mesmo. Qualquer comentador de pacotilha, de um qualquer site ou rede social, consegue fazê-lo. Difícil, difícil é comentar um livro sem o ter lido.
“Mas, ó António, isso já o professor Marcelo fazia na TVI”
Exacto. E agora é Presidente da República.
Por isso mesmo, augurando, um dia, vir a ser o chefe disto tudo, vou arriscar comentar um livro apenas pelo título e pela capa. Nem a sinopse vou ler.
Primeiro, porque da “autora” em causa, eu não leria nem uma carta ao Pai Natal; segundo, porque tenho receio de, ao abri-lo, ficar surdo para o resto da vida; terceiro, porque o título diz tudo.
Falo, claro, do recente tomo de Cristina Ferreira.
O polémico título (que o decoro me impede de reproduzir neste espaço familiar), remete-nos para vários enredos possíveis.
O mais óbvio e plausível será a história de alguém que tem por obsessão saltar para cima de prostitutas. Calma que eu não disse “saltar em cima”. É diferente! Estou mesmo a falar de um salto à Nelson Évora. Um, dois, três… catrapum! Lá foi a “Dama das Camélias” para as urgências…
Outra hipótese, também bastante viável, será uma sequela em prosa da mítica canção de Pedro Abrunhosa, “Não posso +”
Para quem não está familiarizado com a lírica do cantautor portuense, a dada altura o poema diz-nos:
“(…) Olho e tiro-te o vestido
Dizes: és doido varrido,
Faz de mim a tua…”
…e a bateria completa a frase com um: pum-tá, pum-tá, pum-tá, pum-tá.
Neste caso, o sujeito poético tem pela frente uma namorada ainda mais doidivanas. Esta é para cima de “pum-tá, pum-tá”!
Eventualmente, mas tenho muitas dúvidas e parece-me pouco provável, o livro da apresentadora será sobre uma mulher alvo de insultos, que ouviu de tudo, de “pum-tá” para cima.
Mas é na foto de capa que está a resposta: telecomunicações, meus amigos!
A autora apresenta-se naquela pose típica de quem se prepara para efectuar um telefonema para Tóquio: mãos a apanhar o cabelo na nuca, para não cair nas orelhas, ou tapar a boca; rosto desimpedido para ser bem captado pela câmara… do telemóvel; olhar determinado, de quem vai engolir todas as palavras do interlocutor.
Como comunicadora de profissão, Cristina sabe que gritar ajuda a atingir o receptor. Mas o Japão é longe como o carago e, por vezes, temos que nos pôr de joelhos para que a ligação se mantenha de pé.
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