Passo os dias agarrado às redes sociais. Por necessidade profissional e por vício.
Sou tão viciado que até já adivinho os comentários que uma publicação terá, consoante o seu conteúdo. Sou um génio? Não. As pessoas é que comentam sempre a mesma coisa.
“Estou de coração cheio!”
Expressão utilizada para comentar eventos, quando a coisa aparentemente correu bem. Transmite alegria, felicidade, emoção, enternecimento, satisfação. Usado muito por mulheres, mas confesso que também já senti o meu coração a transbordar.
“Parabéns pela tua resiliência!”
A resiliência, de capacidade invulgar de ultrapassar dificuldades, transformar as fraquezas em forças e as ameaças em oportunidades, passou a banalidade vomitada quando queremos elogiar alguém, a maior parte das vezes porque, erradamente, achamo-la sinónimo de força e resistência.
“És um(a) guerreiro(a)!”
Começou por ser comentário de ânimo a crianças com doenças graves mas, com o tempo, o seu uso vulgarizou-se e agora basta darmos um espirro para alguém nos comparar ao Rambo, ele sim, um gajo verdadeiramente resiliente.
“Gratidão”
Porque dizer “obrigado”, está fora de moda.
E quando morre um ente querido?
Já se sabe que é “Mais uma estrelinha no céu a olhar por nós.”
Sim, Kika. A tua avó Clotilde vai adorar ver o que tu fazes no banco de trás do Cajó, ali para os lados de Leça da Palmeira, aos sábados à noite.