O moderno e o medieval numa simbiose perfeita.
Elas já ali estavam há uns dias, olhando para mim com ar suplicante, de modo que não resisti e, contrariando tudo o que vem nos manuais, enfiei-as nos pés e fui correr o Ultra Trail Medieval.
Estrear equipamento numa prova já de si é uma decisão pouco acertada, mas tratando-se de calçado estamos a falar de falta de sensatez. Se consideramos ainda que nem sequer a forma era conhecida dos meus pés, podemos ir mais longe e considerar défice de bom senso.
Ia já com cerca de 10 km de prova quando o Mário me perguntou que tal me estava a dar com as novas Skechers. Foi então que me apercebi que desde o tiro de partida não me recordava do que tinha calçado, o que era um bom sinal. Havíamos já trepado algumas ladeiras xistosas ainda recobertas pela geada da noite e feito algumas descidas acentuadas, com a vegetação coberta por uma fina camada de gelo. Até aí a aderência tinha sido perfeita e assim se manteria ao longo de toda a prova, apresentando níveis de tracção muito elevados. Nunca escorreguei.
Apesar de muito leves, as Go trail apresentam um bom nível de amortecimento e mostraram-se muito confortáveis ao longo dos 60 km e das quase 8 horas de prova, em que as tive calçadas, numa prova de trail muito pouco técnica. Mesmo considerando que a sola, por comparação com outros modelos/marcas, é de espessura considerável, não notei qualquer tipo de instabilidade ao nível de eventuais torsões.
A única crítica que lhes aponto é de cariz muito pessoal: sinto mais conforto quando a diferença da espessura da sola entre as partes posterior e anterior é um pouco mais acentuada. Neste modelo, essa diferença é mínima, podendo provocar algum desconforto ao nível de tendão de Aquiles e mesmo da lombar. Tive esse receio, mas não se veio a verificar.
A fechar importa acrescentar que não registei uma única bolha, unha negra ou qualquer tipo de dano aos meus pés. Recomendo vivamente as Go Trail.