Pernas para que te quero

Autor: Vitor Dias  /   Janeiro 26, 2010  /   Publicado em Blogosfera Corredora
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Pernas para que te queroCrónicas de um dependente da corrida

OS PASSOS DAS PERNAS.

As férias do Verão de 2001 tinham acabado. Os efeitos nefastos de alguns anos de sedentarismo começavam a dar sinais, sentia-me pesado, cansado e com pouca energia! Tinha prometido a mim mesmo que na ‘rentrée’ iria começar a fazer exercício físico. Na juventude cheguei a dedicar algum do meu tempo à prática desportiva, nunca fui excepcional em nenhuma modalidade em concreto, no entanto dava uns toques naquelas em que me metia. Quanto à corrida, apenas tinha praticado em criança, no ciclo preparatório, quando se disputavam os campeonatos de corta-mato entre as escolas da região.

Primeiro, pensei em frequentar o ginásio, cheguei mesmo a visitar alguns para ver as instalações, mas depressa abandonei a ideia! Não me estava a imaginar num espaço fechado a ‘puxar ferro’ nas máquinas de musculação, a pedalar numa bicicleta sem sair do lugar ou mesmo a ter aulas de ginástica. Sou um animal que não gosta de estar preso, preciso de sentir o ar livre na cabeça!

Um dia, ao fim da tarde, vesti uns calções, calcei umas sapatilhas e fui até ao Parque de Lazer das Taipas, para umas corridinhas. Corri 30 minutos a um ritmo muito lento e apesar do evidente cansaço, regressei a casa visivelmente satisfeito! Como gostei da experiência comecei a repeti-la, dia sim, dia não, fui aumentando gradualmente o tempo de corrida e consequentemente o grau de satisfação ia também aumentando. Nessa época não havia muitas pessoas a correr, só de vez em quando é que encontrava alguém para partilhar a corrida e dois dedos de conversa. Durante algum tempo foi essa a minha rotina de final de dia, até que volvidos 3 meses, mais leve, com muito mais vitalidade e sentindo os benefícios do treino, corria já cinco dias por semana, durante uma hora!

Assim, comecei a gostar de corrida!

Em meados de Fevereiro do ano seguinte estava no sofá sossegadamente a ver televisão e reparo que estão a anunciar a Meia-Maratona de Lisboa – ‘junte-se aos milhares de pessoas e venha atravessar a ponte 25 de Abril a correr!” – era o desafio lançado. Naquele momento decidi ir à capital experimentar aquela sensação e estrear-me nas corridas!

No dia 24 de Março de 2002, numa linda manhã de sol, com 40 anos acabados de festejar, estava na Praça da Portagem da Ponte 25 de Abril, no meio de uma multidão, para a minha primeira corrida em termos competitivos! Claro que a maioria das pessoas estavam ali para fazer apenas os 8 kms da ‘mini’, mas eu iria lançar-me à distância de meia-maratona! Foram 21 kms de puro prazer, satisfação e alegria por ter descoberto a corrida como modalidade desportiva. Concluí a prova em 1h34m38s, o que para um debutante não foi nada mau!

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Assim, comecei a ficar dependente da corrida!

Depois, aos domingos, de quinze em quinze dias ou uma vez por mês, lá estava eu à espera do tiro de partida para mais uma corrida e, como é fácil de perceber, tinha já desenvolvido uma grande apetência por meias-maratonas. Passei a correr todos os dias, fizesse chuva ou sol, o grupo de atletas de lazer foi crescendo cada vez mais e fundamos um clube – NAT-Núcleo de Atletismo das Taipas – que rapidamente criou um enorme movimento em volta da corrida que atraiu algumas dezenas de pessoas para a sua prática.

Na internet, através de sites, fóruns de atletismo e blogs de atletas do pelotão, fui aprofundando os meus conhecimentos de corrida, aprendi métodos e organizei planos de treino que, para além de ser postos em prática por mim, eram também adoptados pelos meus companheiros.

Assim, comecei a fomentar a paixão da corrida!

No distante ano de 2004 e contando já com uma dúzia de meias-maratonas nas pernas, estava em condições de me aventurar na prova rainha do atletismo – a maratona. Em boa hora a cidade do Porto acolheu a mítica corrida e a minha estreia! Por esta altura comecei a acompanhar mais de perto os blogs onde escreviam de tudo um pouco acerca dos 42 kms e 195 mtos – a preparação e o treino, o medo e a superação, o prazer e a emoção, a decepção e a glória!

Como maratonista, e além de contar com a participação nas seis edições da Maratona do Porto, foi também nesta distância que me internacionalizei em Roterdão e em Sevilha. Quando corremos uma maratona damos outra dimensão ao que é ser atleta do pelotão!

Assim, comecei a escrever sobre o maravilhoso mundo da corrida!

José Capela

Endereço do blog: http://pernasparaquetequero.blogspot.com

Sobre Vitor Dias

Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007 tendo completado 62 maratonas em 17 países. Cronista em Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em Porto Canal. Site Oficial: www.vitordias.pt
Gerês Extreme Marathon

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