Apesar de ser do Porto e de se ter deslocado a Lisboa para participar na maratona daquela cidade, Luis Pires sentiu-se estrangeiro no seu próprio país. Aparentemente esta seria “apenas” mais uma maratona, a somar às 45 já efectuadas por este conhecido atleta de pelotão. Mas não. Houve novidades menos boas que nos é explicada com a publicação da reclamação efectuada e enviada à organização da prova.
Maratona de Lisboa 2009 – Protesto
Desloquei-me a Lisboa no dia 05/12/2009, para participar na 24ª Maratona desta cidade. Fiz a viagem do Porto a Lisboa, de comboio, e fui de Metro até ao Estádio 1º de Maio, onde cheguei por volta das 18:30 horas para levantar o meu dorsal (1150). Tenho feito muitas maratonas nos últimos anos, à média de quase uma por mês, e participei pela 7ª vez nesta organizada pela Xistarca. Face a esta frequência de provas, sobretudo nos últimos quatro anos, tenho por hábito planear criteriosamente as respectivas viagens, para que estas sejam o mais económicas possível.
Assim fiz em relação à maratona de Lisboa, planeando nomeadamente usufruir da “Pasta Party”, já que a consulta da informação disponível no site da prova anunciava-a e não estabelecia quaisquer restrições no acesso à mesma. Depreendi, legitimamente, e à semelhança do que acontece noutras maratonas, que a inscrição na prova dava direito ao acesso à referida Pasta Party, a qual se apresentava atraente, não só por me permitir jantar sem acréscimo de despesas, como também desfrutar do convívio, sempre salutar, com outros corredores do pelotão e maratonistas.
Para minha surpresa, ao levantar o dorsal, fui informado que não tinha direito a participar na famosa (como refere o site) Festa das Massas. Perguntei à jovem rapariga que me atendeu – muito simpática, por sinal – com quem poderia falar, para esclarecer este assunto. Foi então que me indicaram o Professor António Campos, a quem me dirigi. Interpelei-o sobre a impossibilidade de usufruir da “Pasta Party”, ao que me respondeu, num tom sobranceiro, ser apenas para estrangeiros. Perguntou-me, inclusive, onde estava escrito que eu tinha direito à referida Festa. Respondi que o site oficial da prova não referia quaisquer restrições de acesso à Festa, pelo que deduzi (que expressão fui eu utilizar!) ser o seu acesso extensivo a todos. Respondeu-me então com a afirmação, sublime, que tinha deduzido mal. Foi nesta altura que, completamente perplexo e indignado, respondi que não valia a pena continuar a conversar, dado o facto de não falarmos a mesma linguagem. Passou a ser uma autêntica conversa de surdos. Passo a transmitir, Professor António Campos, o texto mencionado no site da prova www.lisbon-marathon.com no link “Informações”:
Sábado dia 5 pelas 19h00 será realizada a famosa Festa das Massas (Pasta Party) – Estádio 1º de Maio
Gostava que me dissesse, Professor António Campos, onde errei na minha dedução? Onde está escrito que é só para estrangeiros? Sabe Professor António Campos, ficaria satisfeito com uma qualquer justificação (mesmo aquela que mencionou, de ter mais estrangeiros do que previa), desde que acompanhada de um pedido de desculpas e com a promessa de, para o próximo ano, as informações serem mais claras. Deixe-me dizer-lhe, também, que essa de distinguir atletas estrangeiros de nacionais é, para mim, uma enorme e inadmissível discriminação (fiquei a saber que nas provas que o Professor organiza, há atletas de 1ª e 2ª). Mas, é também inédito, pois já fiz maratonas em muitas cidades da Europa e do Mundo – já lá vão 45 -, e nunca fui confrontado com semelhante destrinça.
Como Professor, não sei em que área lecciona – Português, deduzo que não! Como aluno, aconselho umas vindas à Maratona do Porto para receber algumas lições de humildade, saber receber e, já agora, de organização!
Nota: Já no final ainda me disse que podia, pagando, jantar na “Pasta Party”. Mas, olhe, Professor António Campos, a sua arrogância e prepotência, retirou-me o apetite – cheguei, até, a equacionar regressar de imediato ao Porto.
Vistas bem as coisas, eu também podia ter participado em tão famoso repasto, pois senti-me, perante o Professor António Campos, um autentico “ESTRANGEIRO”!
Porto, 10 de Dezembro de 2009
Luis Pires
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