Desde que comecei a correr sempre me fascinou o desafio e a aventura de terminar a primeira maratona. Se o conseguisse passaria a estar no topo das pessoas mais treinadas do mundo, capazes de correr 42 quilómetros. Foi no Porto, a cidade invicta nesse dia memorável de Novembro de 2013, com um sol magnífico e condições ideais para correr.
Crónica de Vasco Medeiros
Partida Junto ao Palácio de Cristal – Pavilhão Rosa.
Percorri a Avenida da Boavista e fui até ao porto de Leixões em Matosinhos. Ao regressar ao Castelo do Queijo, Km 14, segui o percurso da maratona apesar da minha inscrição e dorsal da Family Race. Nunca tinha corrido um percurso diferente daquele em me tinha inscrito mas a vontade de correr os 42 kms foi mais forte! Passei pelo meu amigo Luís Madeira, também estreante quando ele já estava a subir a Avenida do Brasil. Como ele muitos dos atletas estão quase no fim, a 3 ou 4 kms de terminarem e ao cruzarem-se comigo disseram-me que eu estava enganado, perdido e que o percurso (da “corrida familiar”) não era aquele. Eu estou em sentido contrário à maioria dos corredores mas sei bem o que quero: Terminar a maratona! E fiquei ultra-motivado ao lembrar-me do Tim Cook, CEO da Apple, quando ele disse aos estudantes de MBA que: “raramente devem seguir as regras, devem escrever as vossas próprias regras”! Afinal não vim até ao Porto só para correr 16 kms, por isso continuei em contra mão.
Passagem à meia maratona e pouco depois estava sobre a ponte Luís I, com o rio Douro aos meus pés. Em Gaia comecei a sentir alguma fadiga mas mantive-me a correr. Tomei a dolorosa decisão de não caminhar em Gaia! Passei debaixo da ponte da Arrábida e continuei pela Afurada até que finalmente vi o retorno. Agora sim sinto que finalmente estou a regressar ao Porto, mas ao avistar do outro lado do rio os últimos carros da organização e as ambulâncias na Ribeira confirmei o que já pensava: Estou sozinho! Estou completamente por minha conta e não vou ter qualquer bebida ou abastecimento da organização. Continuei a correr em Gaia pelos passeios porque o transito automóvel já tinha sido reaberto há muito.
Quando regressei ao Porto, a partir do quilómetro 33 alternei entre caminhada e corrida, sentindo-me cada vez mais desidratado. Uma paragem de alguns minutos na zona da Foz do Douro, ao quilómetro 37 foi necessária e bebi um sumo de laranja gentilmente oferecido por uma barwoman ribeirinha. Agradeci esta amabilidade portuense e voltei à corrida solitária.
Surpreendentemente este descanso foi milagroso pois não mais parei! Ao longo da marginal e praias mantive-me sempre a correr e mal podia acreditar que 15 minutos antes estava tão fatigado, a caminhar, e agora estou a correr. E a correr sempre! Começo a acreditar que vou aguentar este ritmo de 6:00 min/km até ao fim, mesmo nesta ligeira subida pela Avenida do Brasil. Quando virei para a avenida da Boavista, junto ao parque da cidade apercebi-me que só faltavam 2 quilómetros para me tornar maratonista!
Conclui a minha primeira maratona no Porto a 3 Novembro de 2013. Recebi a medalha diretamente das mãos do Diretor da prova, Jorge Teixeira, apesar de ter chegado quando já estavam desmontados os controlos e pórticos na Meta. Ele disse-me que, por ter concluído os 42 kms “tinha muito gosto em entregar-me a medalha” e pediu uma salva de palmas para mim aos voluntários da organização. A sensação de euforia e apoteose que senti foram indescritíveis. Foi apenas o meu melhor momento desportivo de sempre!
O GPS do telemóvel em “modo de voo” teve autonomia para registar toda a corrida de 42,195 km. Tempo – 4h40m Ritmo médio – 6:40 min/km
Perguntas e respostas na semana depois da prova:
Atleta:O teu objetivo era apenas terminar ou tinhas mais algum? Quais foram os treinos/preparação que fizeste para a maratona? Como é que te encontraste no “the day after” ?
Vasco Medeiros: O objetivo era apenas terminar apesar de muitas vezes ter sonhado com as 3 horas sabia que não estava preparado para isso pois não segui nenhum plano de treinos e o meu ritmo nos treinos longos estava longe dos 4:00 a 4:15 min/km. Durante a prova arrependi-me disso e paguei a fatura. Surpreendentemente no dia seguinte estava bem, apenas com algum desconforto nos joelhos. Agora estou totalmente recuperado e pronto para a próxima…
Atleta: Como te preparaste para a maratona? Antes de a fazer quantas vezes correste a mesma distância? E já agora reforço os parabéns!
Vasco Medeiros: A preparação foi muito empírica e até desleixada, por isso o tempo final da maratona não me agradou minimamente, mas mesmo assim fiquei eufórico por ter conseguido terminar pela primeira vez. Para a próxima inscrevo-me com pelo menos 3 meses de antecedência e sigo um plano de treinos elaborado por um treinador profissional. Há vários aí pela net e permitem-nos fazer testes de distâncias a diferentes velocidades, treino intervalado, rampas e muito mais variedade de corrida do que fazer sempre os mesmos 12 a 15 kms à mesma velocidade. Durante o treino corri apenas uma vez os 42 kms e nesse dia ainda tive de caminhar muito após o km 30: deu para perceber que ainda não estava preparado para tão grande distância e também que o meu GPS não tem autonomia para tantos Kms com o ecrã ligado. No Porto desliguei o ecrã, coloquei em modo de voo para “voar” até à meta e assim o GPS lá registou a maratona completa.
Crónica de Vasco Medeiros
Excelente!!! 🙂 Parabéns!
Que grande tanga, então se o último classificado (um sr. alemão) dessa Maratona terminou com 6 horas de prova, este artista diz que terminou em menos de 5 horas e que quando chegou já estava tudo desmontado… Está bem, leva lá a medalha.
Parabéns Vasco pela tua dedicação e persistência.
No entanto, não deixa de ser pertinente o comentário do José Perdigão. Mas para mim, mais estranho ainda é que o director da prova te tenha atribuido a medalha quando estavas inscrito na prova dos 14 Km. Assim sendo vou começar a inscrever-me na prova mais pequena que é mais barata ou quem sabe mesmo sem inscrição e dado o esforço e dedicação se se tem também direito medalha. A runporto organiza bem mas tem atitudes disparatadas e esta é uma delas. Trata-se de uma falta de respeito por quem paga o que lhe é pedido. Cps Rui.
Amigo Vasco, não sei, e gostava de saber, com que intuito se atreveu a escrever está crónica, mas uma coisa lhe posso dizer, é uma crónica sem nexo nenhum. Vamos a factos,a maratona do Porto, não fecha antes das 6h de corrida, e ainda no ano passado, ouvi da boca do Jorge Teixeira, que ia tentar alargar para 7h, acha, que alguém que ande nas corrida, acredita que o director, ficava a sua espera para lhe dar uma medalha a que não tem direito, por muito mérito que o Vasco ache que tem, além disso, dei-me ao trabalho de ir ver as classificações, e o seu nome não aparece. Lamento dizer-lhe, mas a menos que que isso seja confirmado pelo próprio Jorge, não acredito nem um pouco nesta crónica. Mas uma coisa gostava que me dissesse, se tem o contacto da “barwoman”, para me dar a receita do sumo, porque, pelo que conta, produziu autentico milagre. Haveria muito mais para dizer, sobre esta crónica, mas acho que já perdi tempo demais com alguém, que, até que prove o contrário, não me merece muito crédito.
Vasco, nem sei se lhe dê as felicitações por ter percorrido os 42Km, ou se por essa epopeia que publicou aqui. Lamento é que possa ser lida por pessoas que não acompanhem de perto as provas de atletismo e ficarão garantidamente com uma ideia totalmente errada daquilo que é a realidade destas provas. Não pratico a modalidade, mas felizmente tenho a sorte de acompanhar de perto quem a pratique e com grande orgulho meu acompanhei um atleta na prova em questão e que a terminou em 4H30 (mas tenho o diploma que comprova). E hoje fiquei chocada ao ler aquilo que li aqui. Admiro-o se é que conseguiu percorrer o trajecto completo, só não é necessário alterar tempos e distorcer a realidade, porque quem termina com 4h40 ainda deixa 300 e tal atletas para trás que terminam dentro do tempo de prova, 6h, com apoio, assistência, e sem desmontar a Meta. Agora fica a questão: Tem a certeza que foi mesmo esta prova que fez? (Eu também gostava muito de a fazer, mas …) Ou então Vasco, lamento desiludi-lo mas terminou os 42Km em mais de seis horas!
Tal como os anteriores comentários, eu também fiquei chocado com tanta fantochada! Fico igualmente admirado que tenham publicado esta crónica de “corredor pipoca”, é verdadeiro desrespeito para quem cumpre e promove a vigarice!
Estimados leitores:
Agradeço os parabéns e os comentários positivos que escreveram.
As dúvidas sobre o meu tempo final e conclusão da prova também são legítimas e no vosso lugar levantaria as mesmas questões. São bem-vindos esses comentários negativos pois só os escreveu quem leu a minha crónica e por essa leitura atenta estou-vos grato.
Increvi-me na “Family Race” apenas na véspera da prova, na Expo-Maratona e nessa altura as inscrições da Maratona já estavam fechadas à varios dias.
O pormenor que explica esta situação dos tempos é muito simples:
– Atrasei-me imenso na partida e só começei a correr às 11h12m. Por esta altura já os atletas de tinham certamente terminado a prova. Uma partida solitária!
Quando acordei no hotel já passava da hora oficial da partida, mas chamei um táxi e coloquei-me o mais rápido possível nos jardins do palácio de Cristal. Estava decidido a correr a prova nem que fosse toda pelos passeios, afinal desloquei-me ao porto propositadamente para isto e era a minha estreia na maratona.
A organização é muito eficiente e retira os pórticos e controlos logo que passam os últimos atletas por isso eu não passei em nenhum controlo oficial (já tinham sido retirados) e daí a observação acertada do Sr. António Santos que o meu nome não vem nas classificações oficiais.
Corri a maratona completa em 4h40m mas como só a comecei muito tarde (às 11h12) acabei por chegar depois do ultimo, depois do tal atleta dinamarquês que fez a prova em 6 horas (eu vi o video desse momento no youtube). Felizmente ainda estavam por lá elementos da organização e o próprio diretor da prova Jorge Teixeira que foi muito compreensivo e a quem aproveito para agradecer publicamente por me entregar a medalha da maratona apesar da minha inscrição na Family Race.
Numa coisa tem razão, na leitura atenta, de facto quem a fizer verá que está repleta de mentiras. Consegue-me explicar como parte de Julio Dinis às 11h12 e ainda se cruza com atletas da Family Race na Avenida Brasil? Não brinque com coisas sérias. Mas o meu lamento vai mesmo para quem aqui publicou a crónica, porque era suposto, digo eu, esta página destinar-se a quem pratica a modalidade com seriedade, gostaria de ver sim muitas pessoas aqui a merecem algum destaque e alguma homenagem, mas aqueles que suam a camisola diariamente, aqueles verdadeiros Campeões que se preferem manter no anonimato. Quanto ao Sr. Vasco, desde pequena que ouço dizer que presunção e água benta, cada um toma a que quer. Mas não é dessa massa que se fazem os Campeões!
Olá a todos
Antes de mais queria saudar a forma como o debate aqui está exposto. Sem insultos o que na maioria dos sites acontece.
Queria saudar o Vasco pelo seu feito e por ter explicado, a meu ver muito bem a confusão aqui criada.
Eu acredito nele e a razão que dá está bem fundamentada.
Não é um maratonista pois não fez uma prova oficial mas mereceu o destaque e o gosto de percorrido a distância.
“Não é por chamarmos cravo à rosa que ela vai deixar de ter a sua beleza e cheiro”.
Não sou contra a publicação neste site. Se calhar o Vasco é mesmo os que correm por prazer.
Não cabe a este site analisar se ele passou por todos os locais que fala, se cortou caminho ou se andou de autocarro. Isso fica ao critério de cada um. Eu como já disse acredito no Vasco e não o conheço de lado nenhum.
Ainda bem que este debate veio a publico e por isso uma vez mais saúdo o Correr Por Prazer por o ter proporcionado (também não conheço nenhum dos autores do site).
Cumprimentos e boas corridas.
Cátia
Vasco se não for incómodo esclareça-me apenas uma coisa. Que tempo fez o seu amigo Luis Madeira na Family Race, é que não encontro o nome dele na classificação. E para vocês se cruzarem na Avenida Brasil, ou o Vasco foi de avião até lá, dado que saiu de Julio Dinis quando a grande parte dos atletas já tinha terminado a prova, ou então o seu amigo demorou 3 horas a fazer os 16km
Boa tarde.
Fui dos que tive dúvidas relativamente ao relato do Vasco Medeiros, mas a explicação dele convenceu-me. Fico apenas surpreendido com uma coisa: se a vontade de correr a maratona era tão grande, como certamente a de todos que participaram, como é que se pode chegar atrasado em mais de duas horas ao horário de partida… Mas pronto, cumpre-se o desafio e isso é que interessa.
Apenas mais duas notas:
1. Esta crónica devia ter tido contextualização prévia destas condicionantes, ser publicada sem sentido crítico de quem a publicou, levou a uma série de mal-entendidos escusados; até porque como bem refere o Rui Pereira, parece que se estava a fazer o elogio a quem se inscreve numa prova mais barata para depois se correr outra.
2. Cara Teresa Cardoso, julgo que o amigo do Vasco, Luís Madeira, que ele refere, correu a Maratona e não a Family Race, só assim se explica terem-se cruzado na Avenida do Brasil.
Cumprimentos a todos e boas corridas!
Boa tarde, peço desculpa pelo meu cometário tardio, mas sem querer fui dar com este filme enternecedor,então o atleta Vasco Medeiros foi um autentico heroi! até consegui que o sr. Jorge Teixeira estivesse á espera dele para lhe dar uma medalha de bom comportamento, e pedir PALMAS, tive pena de já não lá estar para apoiar,eu a essa hora já estaria a almoçar, depois de eu com 69 anos ter terminado a prova da MARATONA,tive azar,o sr.Jorge Teixeira não estava á minha espera, por acaso já estou inscrito para aproxima MARATONA se não inscrevia-me na CAMINHADA e talvez no fim da prova,receberia a medalhalha a que não teria direito, e Palmas, mas não a dos funerais! haja, saúde e seriedade, quando se faz um comentário, sr. Vasco,termino em lágrimas de tanto sacrifício, .
O meu amigo Luís Madeira correu a Maratona e quando nos cruzamos na Avenida do Brasil ele já estava próximo de terminar, no km 39 dele que correspondia ao km 15 para mim.
Teresa Cardoso: O Luís Madeira correu os 42 km em 3:40:55 e poderá encontrar facilmente este tempo nos resultados oficiais da Maratona. Como disse o José Perdigão a Family Race nem sequer passa na Avenida do Brasil.
Um agradecimento especial para a Cátia Noronha pela saudação especial que me fez e sobretudo por ter assumido que acredita em mim. Depois de tantos comentários com dúvidas sobre os meus 42 kms, foi muito gratificante ler as suas palavras. Sou mesmo dos que correm por prazer.
Infelimente nem sempre os despertadores funcionam, mas também foi a única vez que isso me aconteceu em provas oficiais e já participei em muitas, desde corridas de 10 kms a meias-maratonas.
Então ainda há algum tempo o Correr por Prazer publica um artigo sobre corredores-pipoca, e agora permite este texto?
Aos que quiserem correr uma maratona pela primeira vez, olhem para este artigo como algo que NÃO DEVEM FAZER.
Depois contradiz-se: primeiro diz que não seguiu um plano de treinos, depois diz que treinou e que tentou correr os 42 kms num treino?!?! E conclui que não estava preparado para tão grande distância, e mesmo assim vai correr a maratona? E chega à brilhante conclusão que deve treinar com pelo menos 3 meses de antecedência?
Enfim… desiludido pelo Correr por Prazer ter permitido esta publicação. É que uma coisa é correr por prazer, outra é passar a imagem de corredor pipoca desleixado.