Imaginem uma costureira que sempre que vai coser uma roupa se pica com a agulha, é uma picadela pequena que gera uma dor que não incomoda muito, mas com o tempo isso começa a doer um pouco mais fazendo com que o desempenho dela diminua, ela continua a trabalhar pois precisa do dinheiro, até o dia em que a dor aumenta muito e a impede de trabalhar…
Ela vai ao médico que recomenda algum medicamento, tratamento local e repouso por um mês. Passado esse período de tratamento ela volta a trabalhar, mas depois de pouco tempo volta a acontecer o mesmo e ela volta ao médico que diz que ela tem uma dor crónica e vai ter de parar de trabalhar e procurar outra profissão…
Mas qual a relação disso tudo com a corrida? Muitos corredores começam a sentir uma dor leve durante a corrida que não atrapalha muito, mas continuam a correr e a dor vai aumentando até que têm de parar. Fazem um tratamento com repouso e depois voltam a correr e voltam a sentir a mesma dor, voltam ao médico e muitas vezes recebem o diagnóstico de que têm uma dor crónica e devem parar de correr…
Voltando à história da costureira… E se alguém a tivesse ensinado a costurar sem se picar, ou seja, mudado a biomecânica dela no trabalho evitando o fator de risco que gerava a dor? O problema seria resolvido e ela não precisaria de parar de trabalhar.
Com o corredor acontece o mesmo. Ele lesiona-se, pois, algum fator de risco está a acontecer durante a corrida e enquanto esse fator de risco estiver lá a hipótese de a dor voltar é maior, ele vai fazer repouso e tratamento, mas a causa ainda estará lá. Muitas vezes um pequeno ajuste na biomecânica da corrida já resolveria o problema e isso evitaria que muitas pessoas parassem de correr por ter uma “dor crónica”.
Por isso é importante tratar a causa da lesão e não apenas os seus sintomas. Procurar profissionais especializados no assunto ajuda muito na recuperação das lesões de maneira efetiva.