Nem sempre é o amor que leva dois corredores à mesma linha de partida – às vezes é a corrida que os faz cruzar caminhos. Foi o caso de Carlos Ferreira e Diana Gaspar, um casal de Coimbra que vive a corrida com paixão, equilíbrio e respeito pelo espaço e pelo ritmo de cada um.
Ele, consultor informático, e ela, psicóloga, partilham há cinco anos uma relação em que o desporto não é apenas um hobby, mas parte integrante da sua filosofia de vida.
Quando o destino corre em trilhos paralelos
A história de Carlos e Diana começou antes de se conhecerem. Ambos já corriam – o Carlos há 13 anos e a Diana há 11 – e foi a paixão comum pela corrida que acabou por os aproximar.
Ele começou por desafio de um amigo, numa maratona de estrada. Ela, num momento difícil da vida, encontrou na corrida uma forma de aliviar a mente e recuperar o equilíbrio.
Os seus caminhos cruzaram-se na equipa drmerino4moove, e o resto… correu naturalmente. Curiosamente, antes mesmo de se conhecerem pessoalmente, Carlos já acompanhava o trabalho da Diana nas redes sociais — e até tinha um dos seus livros.
Correr juntos, mas não sempre
Apesar da paixão comum, o casal gere o treino de forma muito própria.
“Durante a semana nunca treinamos juntos e, quando o fazemos, é só ao fim de semana — e nem sempre”, conta o Carlos. “Gostamos muito da companhia um do outro, mas também gostamos de correr sozinhos.”
O equilíbrio entre individualidade e partilha é evidente. Enquanto o Carlos segue um percurso mais competitivo, com foco nos campeonatos de skyrunning, a Diana encara a corrida como uma prática de bem-estar e superação pessoal. Quando um está em prova, o outro está lá para apoiar — uma verdadeira equipa dentro e fora das pistas.
Provas e desafios que ficam na memória
Entre as muitas experiências partilhadas, há uma que se destaca: a Maratona dos Pirinéus.
Foi uma prova simbólica, sobretudo para a Diana, que regressou à distância que mais gosta depois de uma fase delicada de saúde. “Gostámos muito da prova e do que ela significou para nós”, recordam.
Mas nem só de medalhas se faz a cumplicidade. O casal já percorreu juntos a Grande Rota do Gerês, a Vicentina e até uma desafiante semana a caminhar na Madeira, onde o desnível e os quilómetros testaram não só o físico, mas também a paciência e o espírito de equipa.
As viagens de corrida fazem parte da rotina — dos Pirinéus a Tenerife, passando pelas Dolomitas e pela Madeira, os trilhos são, para ambos, o melhor destino.
Mais do que corrida — uma linguagem comum
Para Carlos e Diana, correr a dois é mais do que partilhar um desporto: é partilhar uma visão da vida.
“Se um de nós não corresse, talvez fosse mais difícil perceber o investimento de tempo e a paixão que a corrida traz”, dizem.
A corrida uniu-os, reforçou a cumplicidade e tornou-se uma linguagem comum. Quando o Carlos conquista um pódio ou um resultado importante, é uma vitória vivida a dois — porque ambos sabem o esforço e os sacrifícios que cada quilómetro representa.
Respeito, individualidade e apoio — o segredo da sintonia
Questionados sobre o que diriam a outros casais que queiram começar a correr juntos, são unânimes:
“Façam-no por vocês, não pela relação.”
Para Carlos e Diana, manter a identidade individual é essencial. Cada um tem o seu ritmo, os seus objetivos e a sua forma de estar na corrida — e é isso que torna o equilíbrio possível.
“O segredo está em respeitar as necessidades de cada um e saber que estamos sempre prontos para apoiar o outro”.
Entre trilhos, maratonas e metas partilhadas, este casal de Coimbra prova que o amor e a corrida podem mesmo seguir lado a lado — desde que haja espaço para cada passo.



