Título estranho para um artigo num site sobre Corrida, que incentiva os leitores ao Desporto e a um estilo de vida saudável.
Mas a verdade é que há dias em que não me apetece correr. Aliás, são muitas as vezes em que não me apetece correr. Porque estou cansado, porque quero fazer outras coisas, porque estou sem “espírito”, porque simplesmente estou com preguiça.
E a preguiça é um direito, até dos corredores! E é um direito raro, em vias de extinção. A sociedade não nos deixa atirar a toalha ao chão só por um dia. É preciso publicar aquela foto, aquela story, atualizar o Strava e fazer inveja aos colegas de trabalho na hora do café: “acordei às 6h da manhã e já corri 10km, hoje.”
Não me apetece correr, porque não quero que correr seja uma obrigação. Quero correr quando me apetecer e me souber bem. Alguém escreveu uma vez que “no dia em que tiver que treinar, deixo de correr.”
E é isso. Correr Por Prazer. Assim se chama este site. Assim grande parte dos leitores encara a corrida. Mas até que ponto temos prazer naquilo que fazemos por obrigação e sob pressão? Correr a contar os quilómetros, contra o relógio, por este ou aquele objetivo?
Essa pressão cansa muito mais que qualquer subida, ou um quilómetro de lama nos “Abutres”. É essa pressão que também me faz perder a vontade de correr.
No Domingo passado participei numa prova de 10Km. Acho que, pela primeira vez na vida, corri sem objetivo. Corri só porque sim, porque me apetecia. E que bem que me soube!
Corri quase sem olhar para o relógio. Só o fiz para ver a distância, o que até nem era preciso, dado que conhecia bem o percurso.
No dia seguinte alguém me perguntou: “então e o tempo?”. Respondi que o tempo estava bom, frio mas ensolarado… e fiquei com vontade de correr mais.