O Zé cumprimenta os seus funcionários todos os dias. Faz questão de ir a todos os departamentos da empresa “distribuir bacalhau” de mão estendida. Depois, passa o tempo a tratá-los mal, paga mal ao fim do mês e ainda se orgulha disso.
A Genoveva orgulha-se da educação que dá aos filhos. “Não admito má educação aos meus rapazes!”, diz ela. Ao mesmo tempo, gaba-se de estacionar em locais reservados a outros colegas, faz tudo de má vontade, ignora emails de trabalho que lhe são enviados e raramente ajuda um colega.
O Quim fica ofendido quando não recebe um “bom dia”. Em casa, trata a mulher como um criada, chega muitas vezes bêbado e é dono e senhor de televisão.
Fomos ensinados assim: a boa educação é cumprimentar, agradecer e pedir por favor. É estar direitinho à mesa e cumprir com ritos, muitas vezes repetidos sem entendermos o seu significado.
É boa educação oferecer o que estamos a comer e, ao mesmo tempo, é boa educação recusar. Um gesto que se anula. Um rito.
Por isso, o Zé, a Genoveva e o Quim, acham que podem ser umas bestas à vontade, porque se consideram bem educados. Afinal, cumprem com a liturgia que lhes foi ensinada: cumprimentam, agradecem e pedem por favor. A empatia, a simpatia, o civismo vão para o saco.
A boa educação implica a conjugação de muitas variáveis, mas tudo se resume a tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.
Até parece fácil, mas não é.
Continuação de um bom dia!