Aqui há anos, li uma entrevista à jornalista e escritora Marisa Moura, na qual ela dizia que somos uns tontinhos a reclamar.
Apreciei bastante e recordei-me dela, há dias, quando me dirigi ao balcão do café onde habitualmente almoço, para pagar a refeição. Naquele momento, um dos clientes que habitualmente vejo por lá, refilava sobre o que acabara de comer. Filosofava sobre o valor do seu dinheiro, que tanto poderia almoçar ali, como noutro sítio qualquer, que quando paga gosta de ser bem servido. E esbracejava. E criticava os seus companheiros de repasto por não estarem a reclamar como ele, até que um deles diz “eu gostei”, “não gostaste nada!”
O próprio dono do estabelecimento, totalmente espantado com aquele espectáculo disse “quando for assim, se ao provar vir que não está bem, diga logo que eu sirvo-lhe outro prato, não coma tudo contrariado!”
O que é que a comida do homem tinha? Não sei. Mas ele ficou muito satisfeito pelo modo como apresentou o seu desagrado.
Como ele, há muitos:
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Já viu este bife? Olhe bem para o bife? Era capaz de comer este bife?
O que faz um funcionário da restauração nestes casos, para além de insultar o cliente para dentro?
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Isto não é um bife! Isto pode ser outra coisa qualquer, mas não é um bife!
Ou o “pedagógico”:
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Se você não sabe cozinhar um bife, eu ensino!
Qual é a dificuldade de articular um simples:
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Peço desculpa, mas este bife não está bom.
É tão simples e, a grande vantagem, é que o staff percebe logo, à primeira, sem desenhos.
Já me esquecia do tão típico:
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Quer que lhe faça um desenho?