Cara de mal disposto. Sempre mal disposto. Circula pelos corredores da empresa com uma nuvem negra por cima da cabeça.
Absorve a alegria por onde passa. As flores murcham, os animais refugiam-se na toca, o sol eclipsa-se.
Estaciona mal, onde quer e como quer. É incapaz de dar um jeitinho para a frente, ou para trás, para caber mais um carro.
Chega à tua beira, atira-te os papéis para cima da secretária sem um “água vai” e vira costas.
Critica tudo e todos. Nunca está de acordo com nada. Nunca participa em nada.
É contra o patrão e contra os colegas. Contra os clientes e contra os fornecedores.
Quando pedes ajuda, “isso não faz parte do meu trabalho”, sem desviar os olhos do ecrã.
No entanto, não pára de te “melgar” enquanto não fazes o que quer.
Marca o ponto ao segundo, nem mais, nem menos. Até o “coffee break” é cumprido religiosamente. “Estou na minha pausa.”
A maior parte do tempo, comunica em monossílabos. “Hmm, hmm”. Quando elabora frases com mais de três palavras, fá-lo sempre num tom de censura ao destinatário. “Este processo não está completo.”
E atira-te os papéis para cima da secretária sem um “água vai” e vira costas.
Não se lhe conhecem gostos. Pouco se sabe da sua vida extra trabalho, que se calcula ser igualmente sinistra e entediante.
Entendo o prazer do sexo, da boa comida, dos bons vinhos, de ver os nossos filhos crescerem, da Arte, do Desporto e de tantas coisas boas na vida.
Não entendo o prazer em ser assim. É só para chatear?
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