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A velhinha que vendia droga

Um carro a alta velocidade atropelou uma velhinha em frente a uma escola. O carro ía a alta velocidade, porque o condutor teve um ataque fulminante, morreu ao volante, ficando o acelerador preso e o carro descontrolado.

A velhinha não era velhinha, mas uma jovem traficante disfarçada.

A jovem traficante não foi à escola vender droga, mas dar dinheiro aos irmãos mais novos para o almoço. Eram órfãos de pai e mãe e era ela que cuidava da família.

Confuso?

Perante uma situação, rapidamente tiramos conclusões, rapidamente julgamos, rapidamente condenamos. Erguemos o dedo e apontamos, ao condutor assassino, à traficante de estupefacientes.

É difícil ter a capacidade de distanciamento que nos permita ver o filme todo: porque é que o carro ia em excesso de velocidade? O que é que a dealer estava a fazer à porta de uma escola?

Mas ficamos todos vaidosos cheios de certezas e envergonhados com a dúvida, quando deveria ser o contrário.

A dúvida é um grande motor do conhecimento, do crescimento, da evolução.

As certezas dão-nos segurança, mas levam-nos ao erro.

As caixas de comentários da internet estão cheias de pessoas cheias de certezas a vomitar ódio e julgamentos fáceis. As nossas próprias vidas estão cheias de pessoas assim, de dedo em riste, a avisar-nos, julgar-nos e condenar-nos.

Eu estou para aqui a falar mas, muitas vezes, também sou assim. Não seremos todos?

Eu estou muito certo das milhares de dúvidas que tenho.

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António Pinheiro
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

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