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Fui correr por uma broa

Mas não só…

Depois de uma desistência, aquilo que mais rapidamente queremos é uma nova prova, com uma nova meta, para atravessarmos e apagarmos o fantasma do insucesso.

Antes da Arga, já estava inscrito no Trail da Broa de Avintes que teve, no passado fim de semana, de 13 e 14 de Outubro, a sua terceira edição, na qual pude desfrutar de uma manhã divertida, ao longo de 21km, quase sempre com vista para o Douro e, novamente, cortar uma meta!

Avintes, freguesia histórica e de referência no concelho de Gaia, não tem propriamente serras e montes. O percurso do trail (a que poderíamos chamar “de laboratório”, expressão popularizada por José Moutinho) é desenhado aproveitando a encosta do Rio Douro e as margens do Febros. O desnível é o possível, mas é de louvar o esforço da organização em criar um carrossel constante, que nos dá cabo da “caixa de velocidades” (mais uma do Moutinho).

Os mais puristas, talvez fiquem incomodados com as frequentes passagens pelo ambiente urbano, mas eu acho que isso até tem a sua piada, atendendo à forma como está feito.

Tenho um carinho muito especial por esta prova: é perto de casa, o prémio de finisher é comestível e é organizada com muita honestidade. Ou seja, a prova nunca quis ser aquilo que não é, nem dar passos maiores que a perna.

Nota-se em todo o processo, desde o anúncio do evento, passando pelas inscrições, levantamento de kits e pela própria prova em si, uma genuína preocupação para que os participantes se sintam bem. A organização do TBA faz-me lembrar aquela tia que gosta de ter uma mesa repleta de gente ao jantar, nos enche o prato até transbordar e que, se não repetirmos três vezes, não pára de perguntar “Não está bom? Às tantas não gostaste! Queres que faça outra coisa só para ti?’” (e. No fim, ela prórria, acaba por não comer nada…)

Por outro lado, sente-se o cuidado em melhorar de edição para edição e espero que assim continue.

O TBA será aquilo a que muitos chamam depreciativamente um “Trail da Aldeia”. Mas… não é bom, de vez em quando, dar umas escapadinhas à aldeia para relaxar?

É. E, para mim que quero é correr, tanto se me dá, como se me deu. Os maiores dissabores que tive com falhas organizativas ocorreram em provas “de Cidade Grande” e que até fazem parte do circuito nacional.

Olho para esta prova e fico a pensar se a gostava de a ver crescer ou ficar como está para não perder o seu carácter acolhedor e familiar. Não sei… deixo essa reflexão à empenhada organização, com a condição de que o prémio de finisher se mantenha.

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António Pinheiro
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

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