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Correr “demasiado” faz mal? Afinal talvez não seja bem assim

mulher corredoraO estudo correu mundo, mas agora o autor admite que não provou que fazer ‘jogging’ com demasiada intensidade ou durante demasiado tempo faça mal à saúde.

Um estudo dinamarquês dizia provar que correr regularmente com muita intensidade ou durante mais do que quatro horas por semana resultava em taxas de mortalidade semelhantes às de um estilo de vida sedentário. No entanto, após críticas ao método usado para chegar a essas conclusões, o principal autor Peter Schnohr admite à BBC: “Devíamos ter dito que suspeitamos que é assim, mas não sabemos de certeza. Toda a gente comete erros nos artigos científicos”.

A notícia foi publicada em inúmeros jornais, incluindo no DN, que se basearam no artigo científico publicado na revista Journal of the American College of Cardiology. Lê-se na conclusão: “Os praticantes de jogging em doses baixas ou moderadas têm taxas de mortalidade inferiores às dos não praticantes sedentários, masos que praticam jogging com mais intensidade têm uma taxa de mortalidade que não é estatisticamente diferente da do grupo sedentário”. O problema com essa conclusão, porém, está na falta de representatividade estatística.

O estudo dinamarquês liderado por Schnohr foi bastante abrangente: os investigadores estudaram 1511 pessoas, das quais 1098 praticavam jogging e 413 não praticavam, durante 12 anos, comparando as taxas de mortalidade de pessoas de vários grupos: os que não corriam de todo, os que corriam um pouco, os que corriam moderadamente e os praticantes de alta intensidade.

A insuficiência estatística recai neste último grupo: só havia 36 pessoas na categoria de praticantes de alta intensidade, das quais duas morreram nos 12 anos em que decorreu o estudo. Além disso, os investigadores não sabem como essas duas pessoas morreram, podendo ter sido de causas que não estão relacionadas com a prática de jogging ou mesmo com a saúde em geral, como em acidentes. Por isso, a conclusão de que a prática “intensa” de jogging faz com que a taxa de mortalidade seja semelhante à associada a um estilo de vida sedentário não é estatisticamente significativa: o tamanho da amostra (ou seja, as pessoas consideradas para tirar a conclusão) é demasiado pequeno.

Schnohr acredita que pessoas que estão habituadas a ler artigos científicos ter-se-iam apercebido da insuficiência estatística. “Não deveria ter sido mal-entendido”, disse Schnohr à BBC. O autor arrepende-se dos títulos chocantes que foram feitos a partir do seu estudo, mas continua a defender a sua descoberta, essa sim cientificamente relevante, de que a prática de jogging, mesmo ligeira ou moderada, tem um impacto positivo na taxa de mortalidade.

Os editores da revista científica que publicou o artigo também defendem o autor e a investigação. “Alguns artigos noticiosos parecem ter interpretado mal e exagerado” a história, disse à BBC o editor da revista, Valentin Fuster.

O grupo de praticantes de alta intensidade referia-se a praticantes de jogging que corriam a mais do que 11 quilómetros por hora, durante mais do que quatro horas por semana, ou mais do que três vezes por semana com um total de tempo de corrida semanal de mais de duas horas e meia.

Fonte: Diário de Notícias

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Vitor Dias
Vitor Dias
Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007, completou 65 maratonas em 18 países. Cronista em Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em Porto Canal. Site Oficial: www.vitordias.pt

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