Márcio Villar tem como “mania” dobrar as provas em que participa.
Durante a semana é analista de sistemas. Nas horas vagas é super-herói. Pelo menos para a grande família mundial que são os atletas do Trail Run. Quase parece a sinopse de uma nova série televisiva, mas não.
Márcio Villar começou a correr há pouco tempo. Fruto do seu trabalho, por passar várias horas sentado, atingiu um peso desproporcional para a sua altura, chegando a pesar quase 100 quilos nos seus 1,73 metros de altura. Ao correr atrás de um autocarro, sem sucesso, apercebeu-se que a sua saúde não estava nas melhores condições. Era necessário fazer algo que mudasse essa história.
O seu irmão decidiu inscreve-lo numa prova de 4 km. Foi, completou a prova “sabe Deus como”, e o bichinho da corrida estava lançado. Os quatro quilómetros rapidamente se começaram a estender e o brasileiro procurava sempre mais e mais quilómetros que os seus pés e pernas pudessem percorrer.
Em 2005 estreou-se nas ultramaratonas. Foram 166 km em São Paulo em que o atleta chorou “feito criança no final”, relembra. A partir daí o currículo estende-se: participou na Jungle Marathon, na Floresta Amazônica, onde correu 509 Km, foi “perseguido por uma onça e mordido por uma cobra”, conta no seu site pessoal.
Participou na Badwater (no Vale da Morte –Califórnia) com 60 graus e quando corria a Arrowhead, na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, pensou que morreria de hipotermia, com temperaturas a rondar os 60 graus negativos.
Fazendo contas, só em 2012 Márcio Villar tinha já 1600 km de provas nas pernas. E as marcas estão lá, pois a cada conquista em prova surge mais uma tatuagem. É este o seu troféu, pois a maioria das provas desta Natureza não tem um prémio monetário. Aliás, como o seu próprio braço o lembra “a dor e o incómodo são passageiros, mas o orgulho é eterno”, pois o que motiva Márcio nestas provas é “fazer algo que nunca ninguém fez”.
A próxima “dobrada” e provavelmente a próxima tatuagem será do “Oh Meu Deus” (OMD), prova que se realiza na Covilhã dias 26 e 27 de Abril. Márcio vem dobrar as primeiras 100 milhas de Portugal, transformando-as em 200 milhas! Ou seja, em vez de 160 km, vem correr 320.
Mas o OMD tem mais distâncias. Para lá deste mais extenso (160 km), que o torna o maior de Portugal Continental, contará também com percursos de 100, 60 e 20 Km de corrida pela Serra da Estrela. Além disso, esta prova prima pelos pontos concedidos para o Ultra-Trail de Mont Blanc®(UTMB). A participação na “meca” do Trail Run depende da conquista de sete pontos num máximo de três provas. À exceção dos 20 km, todas as provas serão pontuáveis com dois, três ou quatro pontos (o máximo atribuído).
Assim como Márcio, os participantes desta modalidade, defendem que mais do que competir, o importante é superar objetivos pessoais. É vencer desafios e chegar ao fim de um percurso extenso e de dificuldade ímpar. E essa finalização é de uma extrema glorificação, que permite aos seus participantes um lugar mais próximo dos super-heróis.
Para a prova da Covilhã estão inscritas quase duas centenas de atletas. As inscrições, porém, ainda estão abertas e podem ser feitas no site da organização, em www.horizontes.com.pt.
Esta é mais uma prova com o carimbo da Horizontes, empresa especializada na criação e gestão de eventos “turístico desportivos”: uma junção de desporto, aventura, sensações, superação de limites e acima de tudo as belas paisagens que Portugal tem para oferecer, tornando as nossas provas uma experiência, quer turística quer de vida, sem igual.