De Barcelos para o mundo, Mariana Ballester e José Faria são a prova viva de que a corrida pode unir corações, superar obstáculos e fortalecer laços. Casados há 10 anos, com 15 de corrida no currículo, este casal partilha uma paixão que vai muito além dos trilhos e das metas.
Como Tudo Começou
A relação de ambos com a corrida surgiu em momentos diferentes, mas o destino tratou de os juntar através dela.
Mariana começou a correr como forma de escape à rotina e também por uma promessa de Ano Novo — decidiu, sem experiência prévia, que iria completar a Maratona do Porto nesse mesmo ano.
Já o José sempre teve a corrida presente no seu dia a dia: primeiro como complemento de outros desportos, depois como paixão crescente, até participar no seu primeiro trail.
O encontro entre os dois não poderia ser mais simbólico:
“O Zé estava lesionado e eu a começar a correr. Um professor do ginásio disse-me: ‘aquele rapaz corre muito, talvez te possa ajudar’… e assim começou a nossa história”, conta Mariana com um sorriso.
As primeiras corridas conjuntas foram simples — subidas e treinos de escadas nos montes perto de casa — mas acabariam por marcar o início de uma longa jornada a dois.
Treinar Juntos, Crescer Juntos
Embora tenham ritmos diferentes, procuram sempre encontrar momentos para treinar lado a lado. Às vezes, um corre, o outro apoia — mas pelo menos uma vez por semana há um treino partilhado.
O casal participa frequentemente nas mesmas provas, sobretudo nas mais emblemáticas. No entanto, cada um mantém os seus objetivos pessoais, respeitando o ritmo e a motivação do outro.
“Por vezes tínhamos a mesma prova como objetivo, mas cada um tem sempre o seu desafio individual”, explica José.
Para ambos, a corrida é uma paixão, não uma competição entre si. É um espaço de partilha, respeito e cumplicidade.
Provas e Momentos que Marcaram
Quando falam de memórias marcantes, os olhos de ambos brilham ao recordar o EstrelAçor e o UTMB.
“O EstrelAçor foi a minha primeira prova de endurance, com 180 km. E o UTMB foi uma superação, porque os dois meses anteriores foram emocionalmente muito difíceis. O Zé decidiu ir comigo para que chegássemos juntos à meta”, partilha Mariana.
José recorda também a Ultra Sanabria by Stages, uma prova de 210 km em seis dias, onde tiveram de gerir “emoções, frustrações, dor e cansaço — tudo a dois”.
Nem tudo, porém, são metas e medalhas. Houve também desafios, como o Canfranc Canfranc, em Espanha:
“O tempo piorou e não nos deixaram avançar. Fiquei frustrada e de mau feitio…”, confessa Mariana entre risos.
11“Sim, foi difícil lidar com o mau feitio dela”, acrescenta José, num tom cúmplice.
Além de Portugal, a corrida já os levou a Espanha, França e Madeira, sempre com o mesmo espírito: correr juntos, viver juntos.
Correr Como Extensão da Relação
Para Mariana e José, correr a dois é mais do que um passatempo — é uma metáfora da vida a dois.
“Partilhar uma paixão reforça a relação. Gerir emoções, cansaço e motivação nas provas longas fez-nos mais resilientes no dia a dia”, contam.
A corrida é o espaço onde se encontram, onde testam limites e onde se redescobrem. Os momentos mais bonitos?
“O Marão e o UTMB”, respondem em uníssono. “Foram experiências de superação e união que nunca esqueceremos.”
Conselhos para Casais Corredores
Quando questionados sobre que conselhos dariam a outros casais, Mariana e José são realistas e bem-humorados:
“Primeiro, definir objetivos para que nenhum se sinta desmotivado. E perceber que as provas longas colocam o casal à prova — emocional e fisicamente.”
Quanto ao segredo da sintonia, admitem que não há fórmula mágica:
“Não temos esse segredo! Quando um está mais motivado, puxa o outro. A vida, o treino e a relação são como uma prova de trail — cheios de altos e baixos. O importante é sermos resilientes e sabermos o caminho que queremos seguir… juntos.”
Uma História de Amor e Resistência
A história de Mariana e José é o reflexo perfeito do que a corrida pode representar: dedicação, paixão e superação.
Entre montanhas, trilhos e quilómetros partilhados, este casal de Barcelos mostra que o amor — tal como a corrida — vive de passos firmes, apoio mútuo e da capacidade de nunca desistir.