Ai a corrida… esse desporto de liberdade, fraternidade, companheirismo, entreajuda… e bullying!
“Não pode!”
Pode, pode…
Seja na estrada, seja na montanha, há muito valentão, chico-esperto, disposto a dar-nos uma traulitada que nos pode atirar ao chão, para cima de outro atleta, para uma ravina, para a lama, para um silvado.
Passam por nós cheios de bazófia e, quando não dão a cotovelada “à Paulinho Santos”, mandam aquela boca de escárnio.
Trilhos do Paleozóico. Numa edição marcada por um calor que atirou muita gente ao chão, ia eu já a morrer na subida para Santa Justa, a esforçar-me por respirar sem engolir pó e mosquitos e passa por mim uma senhora que atira: “Então, Porto Runners? Isto não é como correr na marginal!”. Não vou escrever aqui a palavra que lhe chamei mentalmente, mas decorei o número do dorsal. Eu cheguei ao fim, demorei umas cinco horas para fazer 23km, mas cheguei ao fim. Ela tinha umas letras: DNF…
Meses depois, nos Amigos da Montanha, ia eu todo entretido num single track e levo um encontrão, como se estivesse nos saldos da Primark. Por pouco não resvalei para um silvado.
Mais à frente, a espertalhona estava dobrada sobre os joelhos, a arfar… e não era aquele arfar que, nalgumas situações, gostamos de ouvir. Era o arfar de quem já estourou.
Trail do Lidador, levei um empurrão numa descida, que ainda hoje penso como é que não caí.
Volta a Paranhos. A mais antiga corrida popular do país. Antes de haver caixas de partida, um arranque seguro só estava ao alcance de soldados de tropas especiais.
E já nem falo na prova mais perigosa que fiz: a S. Silvestre do Porto. Já tive mais medo a descer os Aliados, do que a saltitar nas escarpas da Freita.
Cotoveladas, encontrões e até mãos nas costas. Há de tudo.
E há os que estão de fora. Quem já fez a Meia ou a Maratona do Porto, certamente, já ouviu palavras de “incentivo” na Afurada: “só malandros! Ide mas é trabalhar!”
No Cais de Gaia, um ciclista: “está a estrada cortada por causa destes filhos da…”
Haverá muitas mais, mas termino com esta, que disseram a outro cronista deste site:
“Anda filho da… que em cima da tua mulher não suas tu assim!”.
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