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Coimbra, tem muito encanto, na hora da coorrida!

No sábado, dia 10 de Junho, em Coimbra, houve grande animação e o evento SummerRun da Multisport, no qual participei correndo a maratona, surpreendeu-me em absoluto e agradou-me a ponto de entender dever partilhar a minha experiência.

Este relato representa também um ajuste de contas comigo mesmo já que, devo desde já confessar, penitenciando-me, tinha um preconceito em relação à maratona deste evento, que me parecia monótona, por se tratar de 4 voltas num mesmo percurso, e pouco participada, daí sem a energia da multidão. Vim a descobrir que estava absolutamente errado!

Na Sexta-feira, dia 9, ás 21:30 tiveram lugar provas de de natação no Mondego, nas distâncias de 1,5 e 3km.  E foi uma forma espectacular de dar início a 3 dias de multi-desporto: a noite estava escura porque o céu estava tapado por nuvens negras e por isso o rio estava também muito escuro, mas a temperatura do ar e da água eram amenas, criando um ambiente em que as pequenas luzes na cabeça dos nadadores iam emergindo à tona da água e, das margens e das pontes onde se posicionavam os espectadores, era de rara beleza ver o rio com imensas luzinhas a piscar e ouvir, nitidamente, o impacto na água das fortes braçadas dos valentes atletas. Dada a escuridão, os nadadores/as eram “guiados” por elementos do staff em canoas e stand-up paddles, com lanternas, o que adicionava muitas mais luzes ao escuro da noite. O espectáculo de luzes no rio era complementado pelo relato de um speaker entusiasta e por música de muita energia.

Chegado a Coimbra na sexta-feira, jantei com amigos num dos excelentes restaurantes sobranceiros ao rio, na margem direita, defronte da Praça da Canção, na margem esquerda, local onde se situavam a partida e a meta. E enquanto comíamos pizza, o restaurante enchia-se de grupos de atletas de diferentes clubes e eram frequentes os abraços entre amigos que se reencontravam. Durante o jantar íamos ouvindo o speaker e acompanhando os preparativos para a partida da natação nocturna e era notório como essa actividade transmitia energia a quem no dia seguinte ía estar em prova.

 Findo o jantar, fomos para a ponte Pedro e Inês sob a qual já nadavam dezenas de atletas. Nessa ponte, bem como na Ponte de Santa Clara e nas margens eram muitos os espectadores. Entretanto fomos caminhando até à meta para poder aplaudir os nadadores que completavam as suas provas, acolhidos por familiares e membros dos clubes e, claro, pelos elementos do staff, entusiastas e dedicados. Fomos depois apreciar as bicicletas do triatlo no seu parque fechado, valiosas máquinas bem guardadas por seguranças robustos. E mais uma vez podia sentir-se a energia dos kms acumulados naquelas modernas cabras e antecipar o que seria vê-las em prova no dia seguinte. E aí comecei a perceber estar perante um evento de grandes dimensões e muito bem planeado e organizado.

Fiquei num excelente alojamento local a 700 metros da Praça da Canção, com uma bela vista do rio e da cidade, e, no sábado, quando acordei, pelas 6 e pouco da manhã, já ouvia distintamente o speaker com os preparativos para a partida, ás 7h, dos atletas do triatlo da distância Ironman! Um despertar cheio de energia, energia que me contagiava desde a chegada a Coimbra na véspera à tarde.

Ricardo Lacerda e Pedro AmorimO programa de sábado incluía duatlo, aquabike, triatlo na distância ironman e meio-ironman e ainda as corridas de meia maratona e maratona, constituídas por 2 e 4 voltas a um percurso de 10,5km. A minha prova era a maratona, com partida ás 9 horas e pelas 8 e meia encontrei-me com 2 grandes amigos do Porto, todos veteranos. Como a soma das maratonas e ultras dos 3 ascende a 342, a organização, num gesto que representa uma atenção aos pormenores, presenteou-nos concedendo-nos os dorsais números 1, 2 e 3! Assim, ás 9 horas, ostentando orgulhosamente o dorsal número 2, e rodeado de vários maratonistas amigos, foi com um sorriso rasgado que, ao sinal do Ricardo Lacerda, director da prova, parti para a minha prova. Logo rodeado de amigos e na conversa, em conjunto com os participantes na meia-maratona e por entre aplausos encorajadores de espectadores.

E o que eu pensara ser um percurso insípido a repetir fastidiosamente por 4 vezes, foi-se revelando, com o passar dos kms, um percurso maravilhoso, variado, completo, cheio de atractivos e que ao final da primeira volta pude classificar como único, sentindo de imediato o desejo de o repetir. E explico porquê.

Mais de metade do percurso segue ao longo do Mondego e são três as pontes que cruzamos em cada volta: a do Açude, a de Santa Clara, duas vezes, e a de Pedro e Inês. Assim, o contacto com o belo Mondego é grande e ambas as margens estão muito bem cuidadas, ajardinadas e frequentadas por muitos locais e turistas, quer passeando quer fazendo exercício. Logo a seguir á partida passa-se o movimentado largo junto do icónico Portugal dos Pequenitos, e a partir daí temos uma vista panorâmica da cidade, desde o rio até aos majestosos edifícios da Universdade, lá bem no alto.  Perto do km 3, depois de passar para a margem direita, partilhamos a rua com os ciclistas do duatlo ou triatlo e é um espectáculo observar a energia com que pedalam, a beleza do conjunto bicicleta/ciclista e a velocidade a que passam. E, claro, os corredores saúdam os ciclistas e vice-versa, pois há sempre conhecidos. Entra-se então na Mata Nacional do Choupal, ciclistas e corredores, e estamos a correr ao longo de um caminho estreito, rodeado de grandes árvores, regressando pelo mesmo trajecto o que permite que nos cruzemos com quem está à nossa frente ou atrás e assim ter noção de como evoluímos em relação aos outros, bem como a troca de “high-fives” e palavras de estímulo. O retorno à cidade é pela margem direita, ao longo de um belo percurso, até à ponte de Santa Clara que é atravessada nos dois sentidos, com retorno no final da ponte, sendo esse a ponte um local de acumulação de espectadores e familiares e de grande animação. Depois evolui-se em terra, junto ao rio, na direcção do Choupalinho, com belas vistas das Santas Claras a Nova e a Velha, para cruzar para a margem esquerda pela ponte de Pedro e Inês, em madeira. Da ponte avista-se a mancha verde da Quinta das Lágrimas e a zona da meta, onde é grande a animação. Está assim cumprida uma volta e não só desfrutamos do percurso, como acompanhamos as provas dos outros concorrentes das diversas disciplinas. Nas voltas seguintes aumenta a animação, à medida que, à corrida se juntam os atletas do duatlo ou triatlo. Do speaker vamos sabendo quem conclui as provas e regozijamo-nos com os seus resultados. A temperatura chegou aos 25 graus, o que criou dificuldades, mas eram muitas as sombras, os chuveiros e o céu estava muito azul.

De salientar ainda outros aspectos que muito valorizam este evento:

  1. O número elevado de participantes, 1500, e o muito público, familiares e amigos dos atletas ou simples espectadores
  2. Organização impecável, com um staff numeroso, atento, organizado e competente
  3. Muitos abastecimentos, para corredores e ciclistas, todos com água, coca-cola, gels, bananas e laranjas – algo inédito numa maratona, quer pela frequência quer pela quantidade
  4. Água quase gelada, em garrafas, como que acabada de sair do frigorífico – não sei como o conseguem, pois nunca tal vi
  5. Voluntários dos abastecimentos numerosos e muito simpáticos, alegres, solícitos a atender aos pedidos dos atletas
  6. Recepção requintada na meta com espaços grandes, grande variedade de alimentos
  7. Belo convívio entre os participantes das diferentes disciplinas, proporcionando uma experiência que no meu caso foi inédita
  8. Ausência total de contacto com veículos automóveis e quase nula necessidade de encerrar ruas

Em suma, uma verdadeira festa e celebração da comunhão entre uma bela cidade e a maravilha do desporto na natureza. Coimbra foi namorada pelos amantes do desporto, rendidos aos seus encantos, pela mão da excelente organização da Multisport! Este é um evento MULTISPORT que recomendo vivamente! E não vejo outra cidade que não Coimbra com condições para realizar um evento com estas características. Mesmo!

Só lamento ter regressado a casa ao início da tarde, pois os amigos que permaneceram foram dando conta do entusiasmo em redor das provas que se íam concluindo, dando a perceber que a vertente festa e convívio são uma componente importante deste evento. Lamentei ainda não ter permanecido em Coimbra para no domingo, terceiro dia do evento, participar, por exemplo na corrida de 10km.

Assim o que recomendo a todos é que me imitem em 2024, dedicando ao SummerRun os dias de sexta, sábado e domingo, se possível participando em provas em dois dias e desfrutando da cidade e das várias opções desportivas que o evento oferece, bem como do convívio e da festa.

Qualquer um de nós, corredores, nadadores, triatletas, passa facilmente 3 ou 4 horas num sofá seguindo na TV uma maratona ou meia ou um triatlo. A SummerRun proporciona a oportunidade única de passar umas horas a seguir um conjunto de provas, mas in loco e participando numa delas. Não me ocorre melhor analogia para tentar transmitir o que este evento tem de único!

Pedro Amorim

Foto: Miro Cerqueira

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Pedro Amorim
Pedro Amorim
Medical Doctor (MD) na empresa CHP - HSA. Chefe de Serviço. Departamento de Anestesiologia, Cuidados Intensivos e Emergência na empresa Hospital Santo Antonio

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