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O Zoo da Corrida

O Zoo da CorridaNão sei se os meus leitores mais atentos já repararam, mas tenho um gozo tremendo em catalogar pessoas. Sou tipo um “Darwin” da estereotipação.

Gosto de olhar para os meus semelhantes e dizer “olha, este gajo mais parece um…” e lá vai ele para uma prateleira, junto a outros que tais.

Eu sei que é um erro, sei que não se devia fazer, mas não me estraguem a piada… e não se levem tão a sério, que a vida são dois dias e o primeiro foi passado em confinamento.

Ora, estando nós num site de corrida, a esta altura estareis todos vós a pensar “que nome ele nos vai chamar desta vez?”. Animais. Fácil.

Crocodilos

Para mim, são os mais óbvios. Antes da prova é tudo um lamento: “ai que me dói aqui… ai que me dói ali… ai que não treinei… ai que não comi… ai que não dormi.”

Contagem decrescente, tiro de partida e só os voltamos a ver no pódio, ou lá perto.

Pavões

Também bastante óbvio. Compensam a falta de treino, ou de capacidade atlética, com centenas de euros gastos em equipamento. Desde a sapatilha até à fita no cabelo, pelas minhas contas, há malta que corre com mais de mil euros no lombo. No pré-prova caminham com os braços e pernas arqueados, passos curtos, levemente apressados, com aquele ar de “olhem para mim… ah? Topam? «check it out, girls»”

Touros

Confesso que sou fascinado por esta espécie de corredores. Já viram um touro com 600 Kg ao vivo e a correr? Eu já e foi a coisa mais próxima que senti a um terramoto. É estranho. Olhamos para o bicho na planície e tem aquele ar de quem está permanentemente cansado para correr. Mas quando acelera, o Mundo desaba sobre ele. Os “touros” (reparem que coloquei aspas para não ofender ninguém) da corrida são assim. Fortes, possantes e quando olhamos para eles antes da partida pensamos “este gajo vai correr?” Vai. Foi e chegou à nossa frente.

Basiliscos

Não, não voltei à mitologia “Harry Potter”. Estou a falar do basilisco a sério. Não sabem o que é? Dou-vos 30 segundos para irem ao Google. 

Há malta que corre assim. Parece que flutuam por cima da lama, das pedras, de tudo! E também é provável vê-los no pódio, ou lá perto.

Morcegos

Corrijam-me se estiver errado, mas o morcego é cego, não é? E orienta-se por ultrasons, não é. O corredor morcego não vê nada: não vê o regulamento, os horários, os balneários, as fitas, os outros atletas, anda ali a “passaretar” de uma lado para o outro é um milagre começar e terminar a corrida.

O meu catálogo de bichos corredores tem mais espécies, mas fica para uma próxima.

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António Pinheiro
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

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