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Este ano, o Natal…

António Pinheiro

Se, por vezes, é difícil encontrar temas para a prosa, na maior parte dos casos, eles caem-me em cima, como dejectos de gaivota no meu carro. Eu até nem quero, mas levo com eles.

“Este ano, o Natal vai ser triste…”

“Este ano, o Natal não vão ser a mesma coisa…”

“Nem tenho espírito natalício…”

“Nem vou festejar o Natal…”

Quando leio, ou ouço, estes lamentos, sinto-me o Kevin à espera dos outros dois idiotas.

Se, a situação que actualmente vivemos, vos faz perder o espírito natalício, então, vocês não sabem o que é o Natal.

Sejamos, ou não, crentes, o Natal conta-nos a história de uma família que vivia num país ocupado por uma potência estrangeira. Por um decreto “presidencial”, essa família foi obrigada a fazer cerca de 100km em cima de um burro, simplesmente para se recensear.

Estando a mulher grávida (e o marido nem era o pai da criança, mas aceitou-a como sua), as águas rebentaram na viagem e ninguém lhes abriu a porta para ajudar o bebé a nascer.

A pobre criança nasceu numa estrebaria, deitada em palhas, aquecida por uma vaca e um burro.

Mesmo assim, no meio desta desgraça, o nascimento foi assinalado por uma estrela e apareceram Três Magos para darem presentes ao Menino. Anjos cantaram no Céu e humildes pastores foram convidados para a Festa.

E vocês, sentados em frente do recuperador de calor, com iPhone numa mão e copo de Chardonnay na outra, a olharem desinteressados para o Netflix, dizem que estão sem espírito natalício.

Agora, mais que nunca, devemos olhar para o Natal e perceber o que ele é realmente.

Esqueçam as jantaradas, as montras e os presentes.

Ofereçam aquilo que não se vende nas lojas. Tratem os vossos amigos como tal e, acima de tudo, sejam boas pessoas, mesmo para os vossos inimigos, para aqueles que vos tratam mal e para aqueles de quem, simplesmente, não gostam.

Tudo o resto é mais palha do que o fundo da manjedoura do Menino Jesus.

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António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

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